A história nos mostra que os negros foram tirados a força de sua terra
natal, na África, e trazidos para o Brasil com rancor e ódio em seus corações.
Feridos em sua dignidade e distantes da pátria que amavam, muitas das vezes,
enganados, feitos prisioneiros e escravos, o que resultou em muitos anos de
lutas e dores. Eles tentavam manter seus costumes na cultura e na religião, que
se baseava na evocação das forças da natureza, deificadas e personificadas em
divindades, que eram uma espécie de deuses, a que cultuavam com todo fervor de
suas vidas.
Com o tempo aprenderam a se vingar de seus senhores e déspotas através
de pactos com entidades trevosas através da magia negra, que não era outra
coisa senão as energias magnéticas da natureza empregadas de forma equivocada.
Dessa maneira o culto inicial as divindades da natureza foi se transformando em
métodos de vingança e em pactos com essas entidades que assumiam a forma dessas
mesmas divindades. Um mistério envolvia de tal forma essas manifestações
religiosas, que se tornava difícil para um leigo saber sua origem e seu
significado. Seus rituais eram tão misteriosos, que o povo com seu misticismo
natural era constantemente explorado por aqueles que nenhum escrúpulo tinha em
relação à fé alheia. Esses cultos acabaram se tornando, na verdade, num
disfarce para uma série de atividades menos dignas no campo da magia, o que com
o tempo acabou gerando uma atmosfera psíquica indesejável no campo áureo do
Brasil.
A pirosfera no ambiente espiritual da nação estava sendo afetada de tal
forma pelas energias negativas, que entidades ligadas aos lugares de sofrimento
encarnavam e desencarnavam conservando assim o ódio em seus corações. Dessa
forma a magia negra foi se espalhando em forma de culto pelas terras
brasileiras, de norte a sul do país onde as oferendas eram entregues pelos
adeptos desses cultos, que se multiplicavam a cada dia, aumentando ainda mais a
crosta mental negativa que vinha se formando sobre os céus da nação. No Mundo
Espiritual reuniram-se então, entidades de alta hierarquia com o objetivo de
encontrar uma solução para desfazer essa egregoras negativa que vinha se
formando na psicosfera do país.
A magia negra teria de ser combatida e seus efeitos destrutivos
haveriam de ser desmanchados, de maneira a transformar os próprios cultos
degradantes em lugares que irradiassem o Amor e a Caridade, essa era a única
forma de modificar o panorama sombrio que vinha sendo criado. Havia então a
necessidade de que os próprios espíritos, mais evoluídos e esclarecidos, se
manifestassem para realizar tal cometimento, e assim foram se apresentando, uma
a uma, aquelas entidades iluminadas modificando suas formas perispirituais,
assumindo assim, a conformação das próprias divindades e de entidades como
Preto-velhos e Caboclos, levando a mensagem da Caridade, com o objetivo inicial
de desfazer a carga negativa que se abatia sobre os corações dos homens. Essas
entidades seriam o elo de ligação com o Alto, penetraria aos poucos nos redutos
da magia negra, os quais ainda se mantinham enganados quanto as Leis do Amor e
da Caridade, e iria então transformando, com as palavras e os ensinamentos das
entidades, os sentimentos das pessoas.
Para isso foi necessário que elevados companheiros da vida maior
renunciassem certos métodos de trabalho, considerados por eles mais elevados,
para se dedicarem às atividades que aqueles cultos se propunham. A essas
entidades, se juntaram a antigos espíritos de escravos e índios, que em sua
simplicidade e boa vontade, se propuseram a trabalhar para mostrar aos homens
suas lições sagradas, auxiliando assim na cura de doenças e na transmissão das
mensagens de Amor e Caridade. Nas sessões espíritas, da época, essas entidades
não foram aceitas, pois identificadas sob essas conformidades, preto-velhos e
caboclos, eram considerados espíritos atrasados e suas mensagens não mereciam
nem mesmo uma análise.
Mas com o campo áureo do país mais preparado, mesmo não conseguindo
muitas alterações nos cultos, vemos em uma seção espírita surgir então a
UMBANDA, anunciada em 15 de novembro de 1908, em Neves, subúrbio de Niterói, no
Rio de Janeiro, pelo espírito que se identificou como “Caboclo das Sete
Encruzilhadas”, através do médium Zélio Fernandino de Moraes, então com
dezessete anos de idade, usando pela primeira vez o vocábulo “Umbanda” como
designação de culto e religião, definindo assim o novo movimento religioso
como: “uma manifestação do espírito para Caridade”.
Tudo começou quando Zélio Fernandino de Moraes, nascido em 10 de abril
de 1891, no bairro de Neves, município de Niterói, no Rio de Janeiro, aos seus
dezessete anos estava se preparando para servir as Forças Armadas, através da
Marinha, se acometeu um fato curioso: começou a falar em tom manso e com um
sotaque diferente da sua região, parecendo um senhor com bastante idade. De
princípio, a família achou que houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou a
seu tio, Dr. Epaminondas de Moraes, médico psiquiatra e diretor do Hospício da
Vargem Grande.
Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em
nenhuma literatura médica sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para
que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho
estivesse possuído pelo demônio. Procuraram então um padre, também da família,
que após fazer ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado Tempos depois
Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não
conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente Zélio
ergueu-se do seu leito e declarou: "Amanhã estarei curado".
No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum
médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de
Moraes, levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na
região onde morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio
Antônio. Tio Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que
possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com a caridade. O Pai de
Zélio de Moraes Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não frequentar nenhum
centro espírita, já era um adepto do espiritismo, praticante do hábito da
leitura de literatura espírita e no dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de
um amigo, levou Zélio a Federação Espírita de Niterói.
Chegando na Federação e convidados por José de Souza, dirigente daquela
Instituição, se sentaram à mesa, onde logo em seguida, contrariando as normas
do culto realizado, Zélio se levantou e disse que ali faltava uma flor, foi até
o jardim apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava
o trabalho. Iniciando uma estranha confusão no local, pelo fato ocorrido, ele
incorporou um espírito e simultaneamente diversos médiuns presentes
apresentaram incorporações de caboclos e pretos velhos, sendo advertidos pelo
dirigente do trabalho. Então a entidade incorporada no rapaz perguntou: "-
Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a
ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?"
Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou: "-
Porque o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a
manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando
encarnados, são claramente atrasados?
Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a
um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz?
E qual o seu nome meu irmão?"
Ele responde: "
Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo lhes dizer
que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes
pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano
espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes,
simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e
desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete
Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim."
O vidente ainda pergunta: "
Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto? ”
Novamente ele responde:
Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz,
anunciando o culto que amanhã iniciarei."
No dia seguinte, 16 de novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30,
em Neves, Niterói, aproximando-se das 20:00 horas, estavam presentes os membros
da Federação Espírita, parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma
multidão de desconhecidos. Pontualmente às 20:00 horas o Caboclo das Sete
Encruzilhadas incorporou e iniciou o culto usando as seguintes palavras:
"- Aqui se inicia um novo culto em que os espíritos de pretos
velhos africanos, que haviam sido escravos, que desencarnaram e não encontram
campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas
quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da
nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados,
qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade
no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que
terá base no Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo".
Nessa reunião, o Caboclo das
Sete Encruzilhadas estabeleceu as normas do culto, sendo que:
• Sua prática seria denominada "sessão" e se realizaria à
noite, das 20 às 22 horas, para atendimento público, totalmente gratuito,
passes e recuperação de obsedados.
• O uniforme a ser usado pelos médiuns seria todo branco e de tecido
simples.
• não se permitiria retribuição financeira pelo atendimento ou pelos
trabalhos realizados.
• Os Cânticos não seriam acompanhados de atabaques nem de palmas
ritmadas.
A esse novo culto, que se alicerçava nessa noite, a entidade deu o nome
de Umbanda e declarou fundado o primeiro templo para a sua prática, com a
denominação de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, justificando o nome
pelas seguintes palavras:
"Assim como Maria acolhe em seus braços o Filho; a Tenda acolheria
os que a ela recorressem, nas horas de aflição".
Através de Zélio manifestou-se nessa mesma noite, um Preto Velho, Pai
Antônio, para completar as curas de enfermos iniciadas pelo Caboclo.
A partir dessa data, a casa da família de Zélio tornou-se a meta de
enfermos, crentes, descrentes e curiosos. Os enfermos eram curados; os
descrentes assistiam a provas irrefutáveis; os curiosos constatavam a presença
de uma força superior; e os crentes aumentavam, dia a dia. Cinco anos mais
tarde, manifestou-se o Orixá Malet14 exclusivamente para a cura de obsedados e
o combate aos trabalhos de magia negra. Vejamos então cronologicamente os
principais acontecimentos da Umbanda a partir de sua anunciação:
1. 15 de novembro de 1908 - Advento da Umbanda e fundação do primeiro
Terreiro de Umbanda, por Zélio de Moraes, em Neves, subúrbio de Niterói;
2. Novembro de 1918 - O Caboclo das Sete Encruzilhadas dá início à
fundação de sete Tendas de Umbanda no Rio de Janeiro;
3. 1920 - A Umbanda espalha-se pelos Estados de São Paulo, Pará e Minas
Gerais. Em 1926 chega ao Rio Grande do Sul e em 1932 em Porto Alegre;
4. 1924 - O advento do Caboclo Mirim - Manifestou-se no Rio de Janeiro,
em um jovem médium, Benjamim Figueiredo, uma entidade, denominada Caboclo
Mirim, que vinha com a finalidade de criar um novo núcleo de crescimento para a
Umbanda;
5. 1939 - Os Templos, fundados pelo Caboclo das Sete encruzilhadas
reuniram-se, criando a Federação Espírita de Umbanda do Brasil, posteriormente
denominada União Espiritualista de Umbanda do Brasil, incorporando dezenas de
outros terreiros fundados por inspiração de "entidades" de Umbanda
que trabalhavam ativamente no astral sob a orientação do fundador da Umbanda.
6. Outubro de 1941 - Reúne-se o Primeiro Congresso de Espiritismo de
Umbanda. Outros Congressos havidos posteriormente retiraram acertadamente o
nome espiritismo que, de fato, pertence aos espíritas brasileiros, os quais
seguem a respeitável doutrina codificada por Alan Kardec. Em suma, o espírita
pratica o espiritismo e o umbandista pratica a umbanda ou umbandismo.
Neste Congresso foi também apresentada tese pela Tenda São Jerônimo,
propondo a descriminalização da prática dos rituais de Umbanda. O autor, Dr.
Jayme Madruga, a par de um minucioso estudo de todas as constituições já
colocadas em vigência no Brasil, busca também em projetos como o da
Constituição Farroupilha e nos códigos penais até então vigentes e no que
haveria de vigorar após 01de janeiro de 1942. Os argumentos mostravam que o
caminho da Umbanda começava a ser aberto e que caberia aos Umbandistas buscarem
acelerar o processo com declarações e resoluções, partindo daquele congresso, em
prol da descriminalização da prática da Umbanda.
7. 1944 - Vários umbandistas ilustres, entre eles vários militares,
políticos, intelectuais e jornalistas, apresentam ao então Presidente Getúlio
Vargas um documento intitulado "O Culto da Umbanda em Face da Lei" e
consegue daquela autoridade a descriminalização da Umbanda. Este fato, apesar
de ter sido extremamente positivo, trouxe como subproduto uma perda de
identidade muito grande por parte de nossa religião, uma vez que todos
terreiros, das mais variadas seitas, incluíram em seus nomes a palavra Umbanda
como forma de fugir à repressão policial. Como nossa religião não tinha um rito
claramente definido e nem a formação de sacerdotes, o que gera uma hierarquia,
ela acabou ficando à mercê dessa deturpação; outro fato que fortaleceu essa
descaracterização foi que, sendo um período de crescimento, não se buscava a
qualidade dos Terreiros que se filiavam à Federação, ou à União que lhe
sucedeu;
8. 12 de setembro de 1971 - Foi criado na cidade do Rio de Janeiro, o
Conselho Nacional Deliberativo de Umbanda - CONDU, que congrega as Federações
de Umbanda existentes ao longo do país, atualmente, contando com mais de 46
Federações, de norte a sul do país, reunindo representantes de mais de 40.000
Terreiros de Umbanda;
9. Em 1972, em mensagem psicografada por Ọmọlubá, enviada pelo poeta
Ângelo de Lys, confirma-se a origem da Umbanda no Brasil, através do médium
Zélio de Moraes;
10. Em 1977, o CONDU reconhece, publicamente, como verdadeira a origem
da Umbanda no Brasil;
11. Novembro de 1978 - Surge o livro "Fundamentos de Umbanda,
Revelação Religiosa", de Israel Cisneiros e Ọmọlubá, que aborda a questão
da origem da Umbanda, através de mensagens do astral, trazendo, por fim, após
70 anos de existência da Umbanda, as primeiras bases teológicas e norteadoras
da doutrina umbandista, com fundamentos integrais da nova religião e sua
verdadeira origem. Após este momento podemos definir como sendo o início desse
novo período; assume-se a Umbanda como religião brasileira e começa o primeiro
movimento consistente para dar a ela uma base teológica e a criação de uma
hierarquia, baseada na formação sacerdotal, fundamental para a manutenção das
bases ritualísticas e conceituais.
Decorridos setenta anos de existência da Umbanda no Brasil,
compreendidos entre 1908/1978, passou este curto espaço de tempo, porém
significativo, a ser conhecido entre os estudiosos da causa como Período de
Propagação da genuína força de credo, nascida no século XX, em terras
brasileiras. Embora a Umbanda ainda se apresente, muitas das vezes, um tanto
desfigurada, com nuances religiosas, reconhecemos que isso decorra desse
período de propagação, onde no afã de conquistar almas se respeitaram os
ambientes regionais, criando assim as adversidades que vemos hoje em dia.
Mesmo assim ela nunca deixou, através de seus verdadeiros guias, de
oferecer amparo prático, ajuda e orientação, apontando sempre a eterna chama da
esperança em dias melhores, calcados, naturalmente, na ação correta a cada
instante, na cordura15, no companheirismo e na fraternidade. Os mentores da
Umbanda, sediados em Aruanda, cidade localizada no plano astral, já haviam
determinado sabiamente o procedimento normativo, religioso para os setenta anos
posteriores, 1979/2049, como sendo o período de Afirmação Doutrinária.
Obviamente, a doutrina de Umbanda ficará como ponto essencial para a
estabilidade desse movimento, no estudo constante e no esforço sincero de cada
devoto, no sentido de conduzi-la no plano físico á um merecido status de religião
organizada, a serviço da comunidade religiosa nacional. Em 1980 o CONDU publica
o livro “Noções elementares de Umbanda” contendo as deliberações do conselho
quanto aos fundamentos da Umbanda e outros temas. Hoje o movimento religioso da
Umbanda estende-se por todo o Brasil, professado com humildade as leis da
Caridade e do amor ao próximo, sem proselitismo, sem explorações do povo, e sem
mistérios mistificantes.
A Umbanda nada mais é que o retorno à simplicidade de cultuar Deus,
onde o templo de Umbanda é o local destinado a esse culto, que tem como base a
Caridade, usando para isso todos os recursos das forças da natureza,
personificadas nas divindades Nagôs, os Orixás, que são representados pelos
nossos mentores espirituais, ou como nós os chamamos, nossos guias, espíritos
evoluídos que representam essas divindades e suas várias formas de atuação no
mundo espiritual e material em favor ao próximo. Existem várias ramificações da
Umbanda que guardam raízes muito fortes das bases iniciais e outras que absorveram
características de outras religiões já existentes, mas que mantém a mesma
essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé. As
mais conhecidas são:
• Umbanda Popular - Que era praticada antes de Zélio e conhecida como
Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo
associando Santos Católicos aos Orixás Africanos;
• Umbanda tradicional - Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes;
• Umbanda Branca e/ou de Mesa - Com um cunho espírita muito expressivo.
Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos,
nem o trabalho dos Exus e Pomba-gira, ou a utilização de elementos como
atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao
trabalho de guias como caboclos, preto-velhos e crianças. Também podemos
encontrar a utilização de livros espíritas como fonte doutrinária;
• Umbanda Omolokô - Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva
Pinto. Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado
dos Guias;
• Umbanda Traçada ou Umbandomblé - Onde existe uma diferenciação entre
Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira
para o candomblé em sessões diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As
sessões são feitas em dias e horários diferentes;
• Umbanda Esotérica - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de
Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que
intitulam a Umbanda como a “Aumbhandan: conjunto de leis divinas";
• Umbanda Iniciática - É derivada da Umbanda Esotérica e foi
fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Mestre Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a
busca de uma convergência doutrinária, sete ritos, e o alcance do Ombhandhum, o
Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental,
principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sânscrito;
• Umbanda de Caboclo - influência da cultura indígena brasileira com
seu foco principal nas entidades conhecidas como "Caboclos";
• Umbanda de Preto-velhos - influência da cultura Africana, onde
podemos encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando e
feito pelos preto-velhos;
Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada,
diferenciam-se das outras por diversos aspectos peculiares. A Umbanda por ser
uma religião sincrética se utiliza de um vasto simbolismo em seus trabalhos, e
ela tem nesse simbolismo um de seus maiores fundamentos, que se aplica na
identificação das entidades e na sustentação das linhas de trabalhos
espirituais, cada qual com seu nível vibratório. Esse simbolismo também
identifica o campo vibratório a qual a entidade desenvolve seu trabalho, e sob
qual Orixá, ou força da natureza, é regido.
Podemos observar esse simbolismo desde sua anunciação onde grande
mentor espiritual, que teve a missão de rasgar o véu da ignorância e
estabelecer os fundamentos da Umbanda como religião e culto, se manifestou na
forma perispiritual e se identificou como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”,
nome este totalmente simbólico, pois “Caboclo” era a palavra destinada às
pessoas mestiças, e “Sete Encruzilhadas”, que são as sete linhas de trabalhos
da Umbanda, os sete caminhos, que são regidos pelo Orixá maior “Oxalá”. Assim
concluímos que a Umbanda é uma religião sem distinção de raças e credos e que
através da fé e da humildade tem o objetivo de levar a mensagem da Caridade e
do Amor ao próximo.
Com isso a espiritualidade vem conseguindo seu intento e aos poucos
vemos sumir dos corações oprimidos o desejo de vingança, o ódio e o rancor, os
cultos antes deturpados vem se transformando em sua essência, auxiliando assim
no progresso daqueles que sintonizam com tais expressões religiosas,
modificando seu aspecto e os transformando gradativamente em uma religião mais
espiritualizada.
Onde na palavra das entidades, a Lei da causa e efeito é ensinada por
meio de “Xangô”, que simboliza a justiça, a reencarnação quando falam de sua
outra vida e da oportunidade de voltar à Terra, em um novo corpo, para corrigir
erros do passado e ajudar seus filhos, as forças das matas e das ervas, são
ensinadas na fala dos Caboclos de “Oxóssi”, o Amor é personificado em “Oxum”, e
a força de transformação e a energia da vitalidade se apresentam personificados
em “Ogum”.
Mas ainda há muito que fazer muito trabalho a realizar, nossa
explicação não esgota o assunto, mostra apenas um aspecto da Umbanda, que
guarda suas raízes em épocas muito distantes do tempo, e que apesar de ser uma
religião nova, com um século de existência, vem crescendo e ganhando forças a
cada dia. Uma pena, muitos dirigentes de terreiros não serem conscientes de
tudo isso, e é essa ignorância a maior responsável pela visão errada que a
maioria das pessoas tem em relação aos rituais sagrados da Umbanda. Por isso é
que devemos nos instruir cada vez mais sobre os fundamentos e raízes de nossa
religião, e que através desse estudo e da experiência que vivenciarmos na
prática dentro do terreiro, possamos corrigir todos esses equívocos.
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