Oşalá - o
equilíbrio e a fé
"Oşalá, divina manifestação do bem, Senhor da
perfeita sabedoria e do bendito amor. Oh Pai! Vós que recebestes o poder do
supremo doador para tudo e todos protegei-me das ciladas ilusórias do mundo
enganador e despertai-me para a realidade da vida imortal. Sois a imaculada
irradiação do altíssimo, vosso nome é maravilhoso e compassivo, me guie com
ternura e esperança para Aruanda, cidade da Luz. Eu venho a Vós, preso na mais
grosseira materialidade e afogado em sentimentos inferiores, arrependido
rogo-te pela salvação de minha consciência. Junto a Vós, trilho por caminhos
iluminados, porque sois a divina pureza acolhedora e misericordiosa. Santo nome
envolva-me em sentimentos fraternos de real amor, afim de que chegue até Vós. Oşalá,
meu pai, tende pena e compaixão de mim. Epá, Babá! Salve Oşalá! ”
Falar de Oşalá é
falar de algo que é para ser sentido, não tocado, pois Ele é a luz que
equilibra tudo e todos. É o maior dos Orixás da Umbanda, e o único a
manifestar-se fisicamente aos homens, na conformação de Jesus Cristo, com a
missão de esclarecer as Leis do Criador e reequilibrar a humanidade através das
Leis do Amor e da Caridade. A Ele só importa o que fazemos e o que pensamos,
pois é a Ele a quem devemos prestar contas de nossos atos, porque Ele é a
própria lei de Deus em execução. Por ser o maior dos orixás, não tem um ponto
de força específico, seu poder se manifesta em todos os lugares, mas muitos o associam
a energia solar e a dos demais astros. É representado pela estrela de seis
pontas, sua cor é a branca e seu dia da semana é a sexta-feira e sua saudação é
"Epá, Babá!".
É
sempre invocado nos Rituais da Umbanda para reequilibrar as manifestações ou para
devolver o equilíbrio tanto do espírito quanto do corpo físico. Por isso é que
quanto mais puros são os nossos ideais e procurarmos cada vez mais nos
elevarmos moralmente, mais próximos dele estaremos.
Na
Umbanda os trabalhos que são realizados sob a regência de Oşalá são sempre
doutrinadores, e as entidades que são regidas por Ele, trabalham na linha da
Fé, mas para que possam chegar a esse nível de elevação, é necessário que
tenham passado por todas as linhas de força dentro dos rituais da Umbanda, e
que também conheçam todos os pontos de força da natureza e seus campos de
atuação no mundo material e espiritual. Essas entidades são de um equilíbrio
maravilhoso, suas palavras transmitem toda a sabedoria que foi sedimentada com
o tempo e a experiência nos trabalhos.
Poderíamos
falar muito a respeito das linhas de trabalho que atuam sob a regência de Oşalá,
mas muito ainda nos é oculto, seus mistérios não são totalmente revelados.
Podemos apenas dizer que Oşalá é luz, é vida e que seu poder só se revela
quando somos guiados pela fé, esta que é o atributo mais apreciado por Ele, a
humildade é o que mais exige de nós, a bondade é a melhor forma de nos
apresentarmos a Ele.
Pureza,
humildade e bondade são a sua essência. Oşalá é a fé que nos ampara nas horas
difíceis, nos devolvendo o equilíbrio tanto físico quanto psicológico, é também
a fé que nos faz acreditar que existe algo maior, um Deus maravilhoso que
sempre está disposto a nos ouvir e que sempre se faz presente em nossa vida,
através de pequenos gestos e ações.
As
pessoas que buscam pôr em prática os atributos de Oşalá, se tornam
predominantemente bondosas, perfeccionistas, cultivam a liberdade e se
sobressaem por uma autoridade ponderada. Mas quando se deixam levar pelo o ego,
se destacam pela inveja, pela vaidade, pela maledicência se tornando assim,
autoritários e temperamentais.
OŞALÁ
(Oşa: Òrìşà - Alá: Tecido que cobre)
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Sincretismo
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Jesus
Cristo
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Reino
na Natureza
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Ar/Luz,
a Criação.
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Linha
de Vibração
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Pureza/
Paz/ Fé / Religiosidade
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Símbolo
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Òpá
sòrò (cajado de metal), Ẹyẹlé (pombo branco)
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Saudação
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Epá
Bàbá! (Salve pai!)
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Cor
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Branco
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Dia
Comemorativo
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25
de dezembro
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Dia
da Semana
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Sexta-feira
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Ervas
para Banho
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Saião,
Poejo, Camomila, Chapéu de Couro, Erva de Bicho, Cravo, Coentro, Gerânio
Branco, Arruda, Erva Cidreira, Erva de São João, Alecrim do Mato, Hortelã, Elevante,
Erva de Oşalá (Boldo), Folhas de Girassol, Folhas de Bambu e Rosa Branca
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Para
que possamos descobrir mais sobre os mistérios de Oşalá, que comecemos
adquirindo os seus quatro atributos essenciais: a pureza, a bondade, a
humildade e a simplicidade, seguindo seus exemplos e praticando a caridade
sempre baseados em sua Lei Maior: "Amar ao próximo como a si mesmo",
fazendo aos outros somente o que queiramos que nos façam, buscando sempre
termos fé e confiança, para com isso alcançarmos os objetivos que nos são
propostos pelo Criador e para que no decorrer desta caminhada possamos ser
sempre amparados por Ele.
Ogum - O
Equilíbrio
"Ogum meu pai, que minhas palavras e
pensamentos cheguem a Vós em forma de prece. Que essa prece corra o mundo e
chegue aos necessitados em forma de conforto a suas dores. Que corra os quatro
cantos da terra e chegue aos meus inimigos em forma de brado de advertência, pois
sei que sendo seu filho e nada tenho a temer. Ogum, Padroeiro dos Agricultores,
fazei com que minhas ações sejam sempre férteis, como o trigo que cresce e
alimenta a humanidade. Ogum, Senhor das Estradas, fazei de mim um verdadeiro
andarilho, que eu seja sempre um fiel caminheiro seguidor de seu exército e que
em minhas caminhadas só haja vitórias. Que, mesmo quando aparentemente
derrotado, eu seja vitorioso, sendo vosso filho conheço as batalhas, e sei que
ao Seu lado a minha vitória será certa. Ogum, meu grande pai e protetor, fazei
que meu dia de amanhã seja tão bom quanto o de ontem e hoje; que minhas
estradas sejam sempre abertas; que eu trabalhe para que em meu jardim só hajam
flores; que meus pensamentos sejam sempre bons e aquele que me procurar consiga
sempre o remédio para seus males. Senhor dê luz aos meus inimigos, pois me
perseguem porque vivem nas trevas. Pai livre-me das pragas, das doenças, da
inveja, da mentira e da vaidade, que só me levam a destruição. Ogum Iê! Sarava
Ogum!"
Ogum
é o Orixá guardião do ponto de força que mantêm o equilíbrio entre a Luz e as
Trevas, entre o Positivo e o Negativo, a Paz e as Discórdias, por isso é
chamado “O Senhor das Demandas” e é conhecido como Orixá da guerra. Sabemos que
tudo no mundo gira em torno do equilíbrio entre o Bem e o Mal, e como não é
possível termos uma posição passiva no desenrolar da vida, temos sempre que ter
Ogum como guia nesta viagem, pois Ele sempre nos avisa quando saímos dessa
linha de equilíbrio.
Sabemos
também que tudo é regido pela Lei imutável do Criador, quando não nos mantemos
equilibrados e ultrapassamos os limites dessa Lei encontramos Ogum, pois Ele é
o Orixá que vigia a execução dos Kármas e que tem sob a sua regência e controle
tanto as forças da Luz quanto as Trevas. É também o Orixá que vigia os caminhos
que nos levam tanto para o bem quanto para o mal, por isso sem Ogum a Justiça
de Şàngó não seria executada e o equilíbrio não seria restabelecido.
O
campo de ação de Ogum é composto pelo impulso que nos move para alguma direção,
impulso este que nos faz lutar por alguém ou alguma coisa, e quando lutamos em
auxílio de alguém O temos como guardião, porém quando odiamos ou atrapalhamos
alguém, O temos a nossa frente para nos bloquear.
Ogum
é o Orixá mais cultuado e de maior devoção dentro dos Rituais da Umbanda, Ele
atua no equilíbrio entre os sete elementos fundamentais do nosso planeta: a
Água, o Fogo, a Terra, o Ar, o Cristal, o Mineral e o Vegetal, fazendo assim
cumprir as Leis do Criador levando o equilíbrio e a ordem entre as energias
geradas por estes elementos. Sua cor é a vermelha e o branco, seu dia da semana
é Terça-feira e sua saudação é "Ogum yè". Seu campo de ação se
estende também aos sentidos e sentimentos humanos, Ele é o equilibrador destes
sentimentos e sentidos.
Por
isso é que quando alimentamos nossos sentimentos negativos, deixando assim que
os mesmos se sobressaem, é aí que entra Ogum, anotando todas as nossas ações
para
uma
posterior cobrança e reequilibro. Ele também é o Orixá que controla o impulso
que nos move para alguma direção, impulso este que nos dá a garra e a força
necessárias para lutarmos pelos nossos objetivos e ideais, e quando utilizamos
esta força para o Bem ou lutamos em auxílio de alguém, O temos como guardião,
nos amparando e nos defendendo, porém quando usamos essas forças para o mal, O
temos a nossa frente nos bloqueando e nos fazendo voltar ao caminho certo.
As
pessoas que são regidas por Ogum são leais, persistentes e sinceras, se
sobressaem pela coragem, são destemidas, não se deixam intimidar pelos
obstáculos, e sempre guiados por uma emoção forte e verdadeira, não medem
esforços para alcançarem seus ideais, impondo assim a Lei e a Ordem. Mas quando
se deixam levar pelo ego se tornam indisciplinados, arrogantes, ciumentos,
covardes e egocêntricos, são também muito teimosas e quando magoadas não
perdoam facilmente. Isso tudo é Ogum, o Orixá que nos dá a força necessária
para não recuarmos diante dos obstáculos que temos que superar em nossas vidas,
nos equilibrando e vigiando sempre nossos atos. E quando somos guiados pela
Verdade e pelo Bem,
Ele
é o guerreiro que abre nossos caminhos e que nunca nos abandona. Assim sendo,
que possamos estar sempre vigilantes de nossos atos, conscientes de que Ogum
estará sempre ao nosso lado, com sua força carmica, colocando em prática as
Leis do Criador, mantendo assim o equilíbrio e a ordem sobre todas as coisas.
OGUM - Olo (Grande Senhor) (Ogun: guerra)
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Sincretismo
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São
Jorge
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Reino
na Natureza
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Caminhos
abertos, estrada de ferro, estradas
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Linha
de Vibração
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Ordem
/ Equilíbrio / Demandas
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Símbolo
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Àdá
(Espada), Corrente de Ferro, utensílios agrícolas
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Saudação
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Ogum
yè! (Olá, Ogum!)
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Cor
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Vermelho/
Branco (Umbanda) / Azul Marinho/Verde (Candomblé)
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Dia
Comemorativo
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23
de abril
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Dia
da Semana
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Terça-feira
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Ervas
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Aroeira,
Pata de Vaca, Carqueja, Losna, Comigo Ninguém Pode, Folhas de Romã, Espada de
S. Jorge, Flecha de Ogum, Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba.
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Yemọjá - A Vida
"Yemọjá, grandiosa mãe, que os movimentos das
ondas transmitam sua paz e seu amor. Derramai seus fluidos vitais sobre mim
purificando meu espírito e meu corpo, para que quando estiver fraco, me sinta
protegido no aconchego de vossos braços. Quando estiver afogado em meu orgulho
e arrogância, me torne humilde e benevolente perante sua bondade e grandeza.
Que os doentes recebam de vós, minha Santa Rainha, a cura através das emanações
de vossas vibrações vitais. Que a força de vosso reino seja para mim, um escudo
contra as más influências. Que o vosso sagrado manto agasalhe e traga calor a
todos os necessitados. Senhora tende piedade de tantos, que como eu, vos
invocamos nesse momento, que vossa misericórdia se estenda a todos os reinos de
Zambi. Odo Ìyá! Mãe do rio!"
Yemọjá é o Orixá
doador da vida, é a guardiã do Ponto de força da natureza, o Mar, para onde
tudo é levado para ser purificado, por isso Ela é por excelência um princípio
do Criador, o grande doador da vida. A gênese bíblica nos revela que Deus
modelou o homem com a terra, mas para fazê-lo certamente usou a água, e Yemọjá
é isso, a água que nos dá a vida. Podemos observar que o próprio planeta Terra
e todos os seres que nele habitam, são constituídos por uma porção muito maior
de água, por isso é que somos regidos e sofremos uma maior influência das
energias geradas pela água, pois quando não há água não há vida, e sem vida
nada existe.
Yemọjá
é um princípio da vida, é dos Orixás a que tem o maior ponto de força da
natureza, ela é um princípio do Criador por excelência, pois é do mar que saem
as irradiações energéticas que purificam e regeneram tudo em nosso planeta. E
como já vimos tudo em nosso planeta gira em torno das energias geradas pelos
elementos fundamentais da natureza e como somos seus dependentes direto,
manifestamos suas influências em nossa própria maneira de ser, sendo assim
podemos observar que as pessoas que habitam as regiões onde há muita água são
mais emotivas e criativas do que as que habitam as regiões mais desérticas.
Yemọjá
na Umbanda tem sob sua regência milhares de falanges de espíritos que
desenvolvem seus trabalhos sob os domínios de sua energia. As pessoas que são
regidas por Yemọjá se destacam por sua magnitude, são serenas, extremamente
destemidas e criativas, mas quando se deixam levar pelo ego, se tornam rudez,
cruéis, insensíveis, orgulhosas e com uma fobia, um medo excessivo das coisas. Yemọjá
tem como elemento fundamental a água, e por isso é regente de toda a fonte do
elemento líquido do nosso planeta, onde podemos citar os mares e oceanos, os
rios, lagos, córregos e cachoeiras.
É
representada pela figura da Lua, sua cor é o Azul-claro, o cristal, o verde
água entre outras, seu dia da semana é Sábado e sua saudação é "Odò Ìyá!".
Yemọjá é a mais respeitada dos Orixás, dificilmente encontramos entidades
utilizando o lado negativo de sua energia, pois como sabem que ela é uma mãe
protetora e ciumenta, também sabem que ela não perdoa, sendo rígida com aqueles
que vão a seu ponto de força para fazerem o mal.
Sendo
assim, desejamos que todos que se interessam pelo mar e os outros mananciais
aquáticos de nosso planeta, comecem a olhá-lo com mais respeito, para que
possam ser merecedores de seus fluidos revitalizadores, fluidos estes que nos
transmitem as energias regeneradoras necessárias para melhor seguirmos nessa
grande viagem, que é a vida. E que possamos também buscar conhecer melhor Yemọjá,
que é uma grande mãe amorosa, pois assim estaremos conhecendo um dos próprios
princípios do Criador, pois Yemọjá é a manifestação física do princípio da
vida, que é derramado sobre nós. Isso tudo é Yemọjá, a Rainha do mar, o
princípio gerador da vida, a guardiã do ponto de força da natureza, o mar.
YEMỌJÁ
(Iya: mãe; Ọmọ: filho; Ejá: Peixe) A mãe cujo filhos são peixes.
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Sincretismo
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N. S. da Glória (Rio de Janeiro); N. S. dos Navegantes (Sul
e Bahia)
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Reino na Natureza
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Mar
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Linha de Vibração
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Geração / Maternidade / Família
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Símbolo
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Abèbe (espelho), Peixe e Lua
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Saudação
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Odò Ìyá! (Odo: rio - Ìyá mãe)
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Cor
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Cristal, Azul Claro, Verde Água
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Dia Comemorativo
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15 de agosto (RJ); 02 de Fevereiro (Sul e Bahia)
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Dia da Semana
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Sábado
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Ervas
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Folhas de Lágrima de Nossa Senhora, Erva Quaresma, Trevo e
chapéu de couro, Alfazema, colônia.
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Ọșóòsì - O
Conhecimento
"Meu Pai Ọșóòsì, vós que recebestes de Oşalá o
domínio das Matas, de onde tiramos o oxigênio necessário à manutenção de nossas
vidas. Inundai meu corpo com vossa energia curando meus males. Vós, que sois
protetor dos Caboclos, dai-lhes a vossa força, para que possam me transmitir
toda pujança e a coragem necessária para suportar as dificuldades a serem
superadas. Dai-me paciência, paz de espírito e tranquilidade para superar todas
as ingratidões e calúnias. Dai-me a sabedoria necessária para transmitir uma
palavra de alento e conforto a todos aqueles que estejam sofrendo as
enfermidades e aflições deste mundo. Dai-me vossa proteção através de seus
Caboclos, que num gesto de humildade, baixam até nós, trazendo toda vossa
vibração. Òkè Aro! Sarava Ọșóòsì! ”
Quando falamos em
natureza, logo nos vem em mente, as matas e as florestas, ou seja, tudo o que é
puro e ainda não foi destruído pelas ações do homem, que é um ser racional, mas
um predador por excelência. Ọșóòsì é isso, uma essência pura do criador, que
atua através do ponto de força da natureza, as matas.
A
ciência nos revela que as árvores são purificadoras do ar, mas elas também são
grandes emissoras de fluidos etéreos vivificantes, que são absorvidos pelos
seres vivos através do oxigênio, pela respiração, e isso é Ọșóòsì, a irradiação
das energias benéficas das matas que regeneram e purificam toda a vida na
crosta Terrestre. Ọșóòsì também é considerado o Orixá da caça e da fartura,
protetor dos caçadores, pois através deste processo de purificação e
regeneração do planeta tem como missão garantir a vida dos animais e plantas,
para que estes sirvam de alimento aos homens e aos demais animais na cadeia
alimentar.
Ọșóòsì
é o responsável pelo campo de força da natureza, as Matas, seu elemento
fundamental é o ar e todos os gases existentes no universo, representado por um
aço e uma flecha, sua cor é a verde, seu dia da semana é quinta-feira e sua
saudação é "Òkè Aro". Os homens que tem como orixá regente Ọșóòsì se
destacam pelo companheirismo e por sua sensibilidade, cultuam a liberdade e são
aventureiros, doam o máximo de si em favor do próximo, mas quando se deixam
levar pelo ego, se tornam irresponsáveis, vingativos, mesquinhos e miseráveis.
Nos
rituais da Umbanda existem milhares de falanges que trabalham sob a regência de
Ọșóòsì, são nelas que trabalham os Caboclos, entidades que têm a missão de
transmitir suas lições e também serem o elo entre o médium e seu Orixá regente.
Os trabalhos que são desenvolvidos sob a regência de Ọșóòsì, são todos
doutrinadores, estes espíritos também têm a missão de resgatarem seus irmãos
sofredores e ignorantes, e com os ensinamentos e as energias regeneradoras de Ọșóòsì,
reequilibram suas energias, curando-os e doutrinando-os, para que depois possam
ser encaminhados às linhas de força, para aí cumprirem as missões as quais
foram destinados pelo grande Pai e Criador.
Assim
podemos observar quão importante é a sua missão, pois quantas entidades se
manifestam nos Terreiros como Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e Exus que foram
doutrinados pelos Caboclos, que são espíritos de alta hierarquia, humildes,
simples e nobres. Muitos pensam que os Caboclos são só espíritos de índios, mas
eles são na realidade oriundos de vários povos e regiões, e plasmam essa
conformação perispiritual para apresentar a simplicidade desses povos, e pela
afinidade com a natureza dos trabalhos que são realizados.
Se
as outras religiões o quisessem poderiam aprender muito com os Rituais Sagrados
da Umbanda, que pelos ensinamentos de Ọșóòsì nos ensinam a reverenciar toda a
criação Divina e que através da Caridade podemos auxiliar e reequilibrar as
pessoas. Caridade esta que não tem preço e nem recompensas materiais, e não se
implica na conversão religiosa das pessoas, pois pouco importa para nós
Umbandistas sua Raça, seu Credo, ou sua Origem, o que realmente importa é o
motivo que as trazem aqui, a sua Fé e a vontade de querer melhorar-se, isto sim
é algo que todos deveríamos saber, para assim podermos respeitar a Umbanda e
seus Rituais Sagrados.
Com
isso desejamos sempre que Ọșóòsì através de seus caboclos, que atuam espalhados
pelas sete linhas de força da Umbanda com humildade e harmonia com os reinos
elementares da natureza, possam estar sempre nos orientando e absorvendo as
cargas negativas de nosso corpo carnal e espiritual, para que com isso possamos
melhor caminhar rumo aos objetivos que o grande Doador e Criador, Zambi, nos
propõe.
Ọșóòsì (Oşò: herbalista, Osi: magia) Mago das folhas
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Sincretismo
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São
Sebastião
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Reino
na Natureza
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Matas
e caça
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Linha
de Vibração
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Conhecimento
/ Fartura / Trabalho
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Símbolo
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Òfá
(Arco e Flecha), Irukere (Símbolo de realeza)
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Saudação
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Oké
aro! (Chamado a confraternização)
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Cor
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Verde
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Dia
Comemorativo
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20
de janeiro
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Dia
da Semana
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Quinta-feira
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Ervas
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Malva
Rosa, Mil Folhas, Sete Sangrias, Folhas de Aroeira, Folhas de fava de
Quebrante, Folhas de Samambaia, Folhas de Palmeira, Folhas de Laranjeira,
Erva Cidreira, Folhas de Jurema, Folhas de Maracujá, Folhas de Palmito,
Folhas de Abacateiro, Capim Limão, Guiné.
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Şàngó - A Justiça
"Meu Pai Şàngó, o Senhor que é Rei da Justiça,
faça valer sempre a vontade Divina, purifique minha alma nas águas de sua
cachoeira. Se errei, conceda-me a luz do perdão. Faça de seu peito largo e
forte meu escudo para que os olhos de meus inimigos não me encontrem.
Empresta-me sua força de guerreiro para combater a injustiça e a cobiça. Que
seja feita a justiça para todo o sempre. Conceda-me a graça de receber sua luz
e sua proteção. Minha devoção te ofereço.
Ká’wó Kábiyèsíle! Seja bem-vindo Majestade! ”
Şàngó é o Orixá
guardião do ponto de força da justiça, é o senhor do fogo e como tal age quando
decide punir os que afrontam a Lei do Criador, lei essa que é como a rocha que
esmaga e aniquila a todos que carregam seu peso sobre os ombros. Mas Şàngó está
sempre disposto a nos ouvir, se nossa demanda for justiça, nos acompanhará, e
se for injustiça, nos esclarecerá e se mesmo assim não o ouvirmos, seremos
então submetidos aos rigores da Lei, que são o seu reverso. Sua Luz é o amparo,
seu fogo é a purificação, pois somente pelo fogo o minério bruto e imperfeito é
fundido e temperado, assim eliminando toda sua impureza se tornando perfeito.
Como
já vimos tudo na vida tem seu dois lados: o positivo e o negativo, a Luz e a
Escuridão, o Bem e o Mal. Sendo assim todos os homens também tem estes dois
lados e a facilidade de ir de um para o outro, de acordo com a situação que
vivencie, temos então que buscar o equilíbrio entre eles, não sendo omissos em
respeito aos nossos atos, sabendo admitir nossos erros, procurando corrigi-los
e sendo humildes em recuar a uma situação onde o mal esteja prevalecendo,
buscando o conhecimento e as forças necessárias para melhor combatê-lo, pois
assim permaneceremos sempre em uma escala ascendente de evolução e não
afundados em nossa própria arrogância.
Quem
compreende o verdadeiro sentido das leis do equilíbrio e a ela se submete,
estará sempre por ela amparado. Mas quem ousar a desafiá-la e tentar fugir
dela, por ela será castigado e abandonado. Por outro lado, quem se redimir e
reconhecer seus erros e se curvar a ela, a terá de volta ao seu lado.
Que
ninguém use os mistérios Divinos para prejudicar ninguém, senão irá passar pela
balança de Şàngó, e o peso da lei o atirará nas trevas. De todos os orixás da
Umbanda, Şàngó apesar de rígido, sério e calado, é o que mais gosta de falar da
lei, e se todos que o procurarem tiverem a paciência e a humildade necessária
para entendê-lo, serão lentamente envolvidos por seus fluidos energéticos
equilibradores, se restabelecendo. Podemos observar que as pessoas que são
regidas por Şàngó se destacam pela obstinação, pela inteligência, por serem
ponderadas, e por honrarem sua dignidade e seu brio, mas quando se deixam levar
pelo ego se tornam mesquinhos, extremamente vaidosos, conservadores,
intolerantes e orgulhosos.
Şàngó
é o Orixá da Justiça, o Senhor dos Raios e Trovões, é aquele que coordena todas
as leis cósmicas do Criador, seu elemento fundamental é o Fogo e a Terra, sua
cor é o marrom, seu dia da semana é quarta-feira, seu ponto de força e vibração
são os raios e trovões, são as pedreiras nas montanhas, rios cachoeiras e mares
e sua saudação é:
Ká’wó Kábiyèsíle!
Alguns descrevem
sua força de atuação dizendo que o Şàngó da Pedra Branca ampara, enquanto o Şàngó
da Pedra Negra executa. O das cachoeiras e mares purificam, assim também como o
do fogo que queima tudo o que há de ruim em nós.
O Şàngó
da Terra ampara os que caíram e aguarda que despertem de sua ignorância, o dos
raios é o que traz as Leis Divinas do Alto para a Terra, e o do tempo é o que
julga a duração das penas da Lei. Se todos pudessem buscar conhecer os
mistérios de Şàngó, agiriam com mais equilíbrio, se policiando para que não
sejam submetidos aos rigores da lei. Que ninguém desafie as Leis Divinas, se
não, encontraram muitas pedras em seu caminho, todas colocadas por Şàngó, o
Orixá da Justiça e do Fogo purificador.
ŞÀNGÓ (aquele que se
destaca pela força e revela seus segredos)
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Sincretismo
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S.
Jerônimo, S. João Batista e São Pedro e S. Judas Tadeu
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Reino
na Natureza
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Pedreiras
/ Fogo
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Linha
de Vibração
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Justiça
/ Razão
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Símbolo
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Osè
(Machado de lâmina dupla), Sèére (Chocalho)
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Saudação
|
Ká’wó
Kábiyèsíle! (Seja bem-vinda majestade
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Cor
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Marrom
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Dia
Comemorativo
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30
de setembro, 24 de junho, 29 de junho
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Dia
da Semana
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Quarta-feira
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Ervas
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Folhas
de Limoeiro, Erva Moura, Erva Lírio, Folhas de Mangueira, Erva de Şàngó, Elevante,
Quebra-Pedra, Alfavaca Roxa, Musgo de Pedra
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Ìyánsan - a lei em
ação
"Ìyánsan, grande guerreira, Orixá dos raios e
dos ventos, ajude-me com sua energia a vencer as lutas e as dificuldades. Oyá, senhora
dos ventos e das tempestades, coloco em tuas mãos minhas ações, meus desejos e
preocupações. Em tua Luz, consagro todos os minutos e horas do meu dia, para
que eu compreenda todo bem que precise fazer, e tenha força para não ceder ao
mal que venha bater em minha porta. Que eu seja mais fraterno, compreensivo e
capaz de perdoar. Guie meus passos no caminho do bem e do amor; e que hoje,
mais que ontem, possa contar com suas orientações e bênçãos. Com sua espada
haverei de cortar a inveja e a falsidade de meus inimigos. Retirai as vendas
que me impedem de enxergar a verdade. Com a força de seus raios, peço que
acenda a chama da vida aos desenganados e dê a força necessária para que
continuem lutando na busca da cura de seus males. Epá, Hey! Eu te saúdo Ìyánsan!
”
Ìyánsan é a rainha
das tempestades e ventos, Senhora da Justiça, a Orixá do tempo, responsável
juntamente com Ogum na execução dos carmas na Linha da lei onde Şàngó é o Juiz.
É representada na Umbanda pelo símbolo de um raio, seu dia da semana é quarta-feira,
sua cor é o Coral e sua saudação é "Epá Hey". Seu campo de atuação é
o tempo, este que é a execução da Lei para aqueles que subverteram seus
princípios básicos, ele age de forma imperceptível sobre as almas daqueles que
deixaram o corpo e vagam a procura de seu plano vibratório, conduzindo-as
conforme os desígnios dos executores do carma, pois o tempo é a própria
sentença da Lei em execução, tanto na forma de castigo como na de recompensa.
Quando
temos pesados débitos para saldar e aceitamos passivos e humildes a execução da
lei, o tempo é generoso, mas quando nos revoltamos contra a lei o tempo se
torna eterno, nos fazendo perder o contato com a própria realidade. Ìyánsan
como Orixá do tempo é implacável, mas justa em sua execução. O tempo é o meio
entre o Alto e o Baixo, seu reino não pertence nem a Luz nem as Trevas e como
age tanto na Luz quanto nas trevas não temos como escaparmos de suas malhas,
pois ele não tem limites. Ìyánsan também é um Orixá da lei, que tem junto com
Ogum a função de levar a todos os planos as mensagens de Şàngó, que é o
guardião das Leis.
A
ela compete agir com o rigor exigido para o reequilíbrio astral dos espíritos.
Ela distribui aos Egún, espíritos desencarnados, o fluido que sacia sua sede de
clemência diante da lei, purificando-os antes de encaminhá-los a seus planos
para lá cumprirem seus carmas. Ela também é encarregada de executar a justiça
dentro do campo Santo, ou cemitério, onde ela é a própria espada da Justiça,
agindo de forma rigorosa sobre aqueles que lá ficaram presos pelos débitos
adquiridos em sua passagem na carne e para isso tem como colaboradores os Exus
de Lei e Egún redimidos, que ao servirem-na procuram apagar as marcas da lei. Ìyánsan
também atua através do Ar, e por isso não tem um ponto de força específico,
pois o ar se encontra em qualquer lugar. Sua força é a própria força do ar em
movimento e seu poder é imenso, sua manifestação é gélida, causando tremores a
quem dela se aproxima.
Quando
alguém vai a busca de seu auxílio e está com a justiça ao seu lado, tem a mais
poderosa força à sua disposição, pois quando Ìyánsan volta a sua face luminosa
para alguém justo, este é amparado por onde passar. As pessoas que são regidas
por Ìyánsan são leais, determinadas, distintas, resistentes, dominadoras,
corajosas e extremamente sedutoras, mas quando se deixam levar pelo ego se
sobressaem pela falsidade, pela luxúria, pelo ciúme exagerado, se tornando
violentos e fúteis e cultivando hábitos viciosos. Isto é Ìyánsan, a Orixá dos
ventos e das tempestades, aquela que executa as sentenças kármicas. Se todos a
conhecessem realmente, não a invocariam por motivos fúteis, pois como a Lei, ela
é rigorosa em sua cobrança e imparcial em sua execução. Infeliz daqueles que
caírem sob seu poder na execução da justiça.
Conscientes
disto possamos sempre estar atentos aos nossos atos para que possamos sempre
contar com Ìyánsan ao nosso lado, com seu imenso poder de atuação e com sua
espada que é o símbolo da justiça e da execução do carma.
ÌYÁNSAN – Ìyá mẹsàn Ợrùn – A mãe dos nove espaços do Céu
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Sincretismo
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Santa
Bárbara
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Reino
na Natureza
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Ar
/ Vento
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Linha
de Vibração
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Justiça
/ Execução Kármica / Maturidade
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Símbolo
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Àdá
(Espada), Erusin (Enxota Moscas) e Borboleta
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Saudação
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Epá
Hey! (Eu te saúdo)
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Cor
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Amarela
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Dia
Comemorativo
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04
de dezembro
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Dia
da Semana
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Quarta-feira
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Ervas
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Catinga
de mulata, Cordão de frade, Gerânio cor-de-rosa ou vermelho, Açucena, Folhas
de Rosa Branca, Erva de Santa Bárbara, Cravo da Índia, Louro, Espada de Ìyánsan.
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Òşún - O Amor
Divino
"Salve Òşún, dourada senhora da pele de ouro,
bendita são tuas águas que lavam meu ser e me livram do mal. Òşún, divina
rainha, belo Orixá, venha a mim, caminhando na Lua cheia, trazendo em suas mãos
os lírios do amor de paz.
Torna-me doce, suave e sedutor como tua és. Oh! Mãe Òşún, proteja-me,
faça que o amor seja constante em minha vida, e que eu possa amar toda a
criação de Zambi.
Proteja-me de todas as mandingas e feitiçarias. Dai-me o néctar de sua
doçura e que eu consiga tudo o que desejo: a serenidade para agir de forma
consciente e equilibrada. Que eu seja como suas águas doces que seguem
desbravadoras no curso dos rios, entrecortando pedras e se precipitando nas
cachoeiras, sem parar nem ter como voltar a traz, apenas seguindo meu caminho.
Purifique minha alma e meu corpo com suas lágrimas de alento. Inunda-me com sua
beleza, sua bondade e seu amor, enchendo minha vida de prosperidade. Ore yèyé
ô! A mãe que cuida! ”
Quando falamos de Òşún,
falamos em Amor, pois Òşún é o próprio Amor de Deus em ação, e logo nos vem em
mente uma mãe amorosa, porém ciumenta e geniosa. Òşún atua no ser humano
através do amor, representados pelas águas que caem e seguem seu curso, é a
lágrima incontida nos momentos de provação, pois através das lágrimas liberamos
nossa emoção negativa que nos magoa, angustia e nos sufoca e assim podemos
continuar nossa caminhada.
São
dela os fluidos curadores do astral que agem sobre os espíritos arrependidos
dos erros do passado. Òşún é dona do Campo de Força da Natureza os Rios e
Cachoeiras, é fonte de energias purificadoras. É cultuada como uma mãe afetuosa
que ampara seus filhos com seus fluidos regeneradores, através das quedas
d’água ela libera esses fluidos regenerando e equilibrando seus filhos.
Òşún
quando ampara seus filhos é uma fonte de energia purificadora, mas quando
contrariada, é uma fonte desestabilizadora. Na queda das águas há uma liberação
de energia e na queda de uma alma também há uma liberação de energia através
dos sentimentos e ações que a fizeram cair. Quando percebemos essa queda nos
desesperamos e muitas das vezes choramos. Eis aí a força cômica de Òşún agindo
sobre os sentimentos humanos sob forma de lágrimas purificadoras.
Quem
conhece Òşún não se torna árido porque sabe que as lágrimas são o remédio mais
eficaz na purificação dos fluidos negativos, por isso alguns dizem que as
cachoeiras são as lágrimas de Zambi para nos purificar. Toda vez que uma
cachoeira é devastada o planeta adoece, pois, uma fonte natural de purificação
e energização é destruída. Mas Òşún também é a força que quando atua no
negativo dos seres pode desestabilizar emocionalmente quem for seu alvo de
ação.
Geralmente
o uso dessa energia é mais para desfazer trabalhos que para fazê-los, pois quem
vai atrás de sua força para fazer o mal sabem que um dia irão chorar para lavar
com suas lágrimas todo mal que fizer. Mas aí já será Şàngó julgando aqueles
devem ao Criador pelo mau uso das Forças da Natureza.
Òşún
não executa, ela apenas nega a quem erra o fluido vital emanado de seu campo de
força. As pessoas que são regidas por Òşún são sensíveis, dóceis, muito amigos
e extremamente sedutores, mas quando se deixam levar pelo ego se sobressaem
pela falsidade, pela luxúria, pelo sentimento de posse, são volúveis e
inconstantes.
Na
Umbanda seu dia da semana é no Sábado, sua cor é o azul claro e sua saudação é:
Ore
yèyé ô!
Tudo isso é Òşún, é a Orixá do amor, da
prosperidade e da beleza, é a padroeira da gestação e da fecundidade, é
responsável pelas uniões amorosas e financeiras e pela purificação e
fortalecimento do nosso espírito e energização de nosso corpo.
ÒŞÚN
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Sincretismo
|
Nossa
Senhora da Conceição/ N. S. Aparecida
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Reino
na Natureza
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Rios
e Cachoeiras
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Linha
de Vibração
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Purificação
/ Amor / União
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Símbolo
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Abèbe
(Espelho), Coração, Peixe
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Saudação
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Ore
yèyé o! (A mãe que cuida)
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Cor
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Azul
claro
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Dia
Comemorativo
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08
de dezembro
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Dia
da Semana
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Sábado
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Ervas
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Erva
Cidreira, Gengibre, Camomila, Camará, Arnica, Trevo Azedo ou Grande,Chuva de
Ouro, Manjericão, Erva Sta. Maria, Gengibre, Calêndula, Alfazema.
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Ọbàlúwayè - O
Princípio Curador
“Oh, Ọbàlúwayè, Mestre da Vida! Proteja seus filhos
para que suas vidas sejam marcadas pela saúde. Eu te suplico, mestre! Me
ajoelho diante de teu poder imenso, pois meu corpo está enfermo, minha alma
está imersa na amargura de um sofrimento que me destrói lentamente. Tome meu
corpo e minha alma em teus braços, vós que és o limitador das enfermidades, que
és médico dos corpos terrenos e das almas eternas. Suplico sua misericórdia aos
males que me afetam. Que suas chagas abriguem minhas dores e sofrimentos. Se achares,
porém, que ainda não terminou minha missão nesta encarnação, encoraja-me com o
exemplo da tua humildade e da tua resignação. Revigora meu espírito para que
possa enfrentar e me curar de todos os males e infortúnios da matéria. Alivia
meus sofrimentos, para que levante deste leito e volte a caminhar. Atoto meu
Pai! Salve Ọbàlúwayè. ”
Ọbàlúwayè
é o orixá que rege a morte e as doenças / pestes, ou no instante da passagem do
plano material para o plano espiritual, o desencarne. È dono do Campo de Força
da Natureza a Terra e os Campos Santos, os Cemitérios. É com tristeza que temos
visto o temor dos irmãos umbandistas quando é mencionado o nome do nosso amado
Pai Ọbàlúwayè. E, no entanto, descobrimos que este medo é um dos frutos amargos
que nos foram legados pelos ancestrais semeadores dos orixás em solo
brasileiro, pois difundiram só os dois extremos do mais caridoso dos orixás, já
que Ọbàlúwayè é o guardião divino dos espíritos caídos.
O
orixá Ọbàlúwayè guarda para Zambi todos os espíritos que fraquejaram durante
sua jornada carnal e entregaram-se a vivencia de seus vícios emocionais. Mas
ele não pune ou castiga ninguém, pois estas ações são atributos da Lei Divina,
que também não pune ou castiga, ela apenas conduz cada um ao seu devido lugar após
o desencarne. E se alguém semeou ventos, que colha sua tempestade pessoal, mas
amparado pela própria Lei, que o recolhe a um dos de seus domínios.
Ọbàlúwayè
é um desses guardiões divinos que consagrou a si e à sua existência, enquanto
divindade, ao amparo dos espíritos caídos perante as leis que dão sustentação a
todas as manifestações da vida. Esta qualidade divina de Ọbàlúwayè,
interpretada de forma incorreta ou incompleta, foi definido no decorrer dos
séculos como um dos orixás mais "perigosos" de se lidar, ou um dos
mais intolerantes, sempre implacável nas suas punições. Mas Tatá Ọbàlúwayè você
pode descobrir o grande amor de Zambi, pois é por puro amor que uma divindade se
consagra por inteiro ao amparo dos espíritos caídos e é por amor a nós que ele
assumiu a incumbência de nos paralisar em seus domínios, sempre que
começássemos a atentar contra os princípios da vida.
Temos
a capacidade de gerar muitas coisas, geramos ideias, projetos, conhecimentos,
inventos, doutrinas, anseios, desejos, angústias, depressões, fobias, preceitos
e princípios. E se o que gerarmos estiver de acordo com os princípios
sustentados pela irradiação divina, que na Umbanda recebe o nome de "linha
da Geração" ou "sétima linha de Umbanda", então estamos sob a
irradiação da divina mãe Yemọjá, que nos estimula.
Mas,
se em nossas "gerações", atentarmos contra os princípios da vida,
então já estaremos sob a irradiação do divino pai Ọbàlúwayè, que nos paralisará
e começará a atuar em nossas vidas, pois deseja preservar-nos e nos defender de
nós mesmos, já que sempre que uma ação nossa for prejudicar alguém, antes ela
nos atingirá, nos ferindo, colocando-nos em um de seus sombrios domínios.
Ọbàlúwayè
é o princípio curador divino pois acolhe em seus domínios todos os espíritos
que se feriram quando, por egoísmo pensaram em atingir seus semelhantes. Ele
nos dá seu amparo divino até que, sob sua irradiação, nós mesmos tenhamos nos
curados para retomarmos ao caminho reto trilhado por todos os espíritos amantes
da vida e multiplicadores de suas benesses.
Também
como curador divino ele tanto cura a alma ferida, quanto nosso corpo doente. Se
orarmos a ele quando estivermos enfermos ele atuará em nosso corpo carnal e
espiritual, e tanto poderá curar-nos quanto nos conduzir a cura. Ọbàlúwayè,
enquanto força cósmica, é a energia que se condensa em torno do fio de prata
que une o espírito e ao nosso corpo físico, e o dissolve no momento do
desencarne ou passagem de um plano para o outro.
Ele
atua em todos os seres humanos, independente de qual, seja a sua religião,
através de, uma faixa vibratória especifica e exclusiva, pois é através dela
que fluem as irradiações divinas de um dos mistérios de Deus, que nominamos de
"Mistério da Morte”. É conhecido como "Anjo da Morte" ou
"Senhor dos Mortos". O culto a Ọbàlúwayè surgiu entre os negros
levados como escravos ao antigo Egito, onde era muito cultuado e difundido, que
o identificaram como um orixá e o adaptaram às suas culturas e religião. Com o
tempo ele alcançou o grau de divindade ligada à morte, à medicina e às doenças.
As
pessoas regidas por Ọbàlúwayè são independentes, sóbrias, muito caridosas e
generosas, demonstram um senso de justiça muito pessoal e com uma grande
resistência as doenças, mas quando se deixam levar pelo ego são muito geniosas,
teimosas, vingativas e extremamente inseguras quanto a sua aparência.
Geralmente são reservadas e caseiras, o que é seu é seu não admitem que nada
lhe é tomado. Na Umbanda seu dia da semana é na segunda-feira, sua cor é preta
e branca e sua saudação é “Atoto Ọbàlúwayè! ”.
Esse
é Ọbàlúwayè orixá da transformação intima, responsável pela passagem entre vida
e a morte princípio curador que nos ampara e nos acolhe quando nos entregamos
as mazelas da vida.
ỌBÀLÚWAYÈ
(Rei e Senhor da terra)
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Sincretismo
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São Lázaro
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Reino na Natureza
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Cemitério / crosta terrestre
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Linha de Vibração
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Cura/ Transformação / Evolução
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Símbolo
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Şàşàrá (Vassoura de palha da costa) ou uma Cruz Grega Negra
com pedestal
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Saudação
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Atoto! (Silêncio)
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Cor
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Preto e Branco
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Dia Comemorativo
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27 de março
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Dia da Semana
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Segunda
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Ervas
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Alamanda, Barba-de-pau, Cipó cabeludo, Erva-de-bicho,
Carqueja, Carquejinha, Quebra-tudo, Folha do Abacateiro, Folha de Café,
Gameleira Preta, Funcho, Folha de Bananeira, Hortelã Brava, Jenipapo.
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NANÃ
Nanã
Buruku é um nome pertinente a um Vodoo e orixá dos mangues, do pântano, da lama (barro
molhado), senhora da Morte, e responsável
pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne). Em sua passagem
pela Terra, foi a primeira Àyágbà e a mais vaidosa, em nome da qual desprezou
seu filho primogênito com Oşalá, Ọbàlúwayè, por ter nascido com várias doenças de
pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o numa praia, Yemọjá o achou
abandonado, quase morrendo e o curou e o criou como se fosse sua mãe, dando
todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez, Oşalá a condenou a ter mais
filhos, os quais nasceriam anormais (Òsùmàrè, Iyewà Ọsányìn), e a expulsou do reino,
ordenando-lhe que fosse viver num pântano escuro e sombrio,
lugar onde pensou em abandonar seu pobre filho, mas desistiu, pois na praia seu
filho morreria mais rápido.
Nanã
é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como
uma anciã. É cultuada em
todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu emblema é o Ibiri que caracteriza
sua relação com os espíritos ancestrais. A existência do culto de Nanã Buruku é
atribuída a tempos remotos, anteriores à descoberta do ferro, por isso, em seus rituais, não costumam
ser utilizados objetos cortantes de metal.
NANÃ
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Sincretismo
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Sant’Ana
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Reino na Natureza
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Águas paradas, lama e pântanos
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Linha de Vibração
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Vida e morte, saúde e maternidade e Sabedoria
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Símbolo
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Ibiri (instrumento de palha)
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Saudação
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Saluba Nanã! (“Dona do pote da Terra”)
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Cor
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Lilás
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Dia Comemorativo
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26 de julho
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Dia da Semana
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Sábado
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Ervas
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Colônia, Manjericão Roxo, Taioba (não serve para banho),
Ipê Roxo, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Folha da Quaresma, Jarrinha,
Parioba, Golfo Redondo, Canela de velho, Salsa da Praia, Manacá. (Em algumas
casas: assa peixe, cipreste, erva macaé, dália vermelho escura, folha de
berinjela, folha de limoeiro, manacá, rosa vermelho escura, tradescância).
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