segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Os Òrìşà na Umbanda

Oşalá - o equilíbrio e a fé

"Oşalá, divina manifestação do bem, Senhor da perfeita sabedoria e do bendito amor. Oh Pai! Vós que recebestes o poder do supremo doador para tudo e todos protegei-me das ciladas ilusórias do mundo enganador e despertai-me para a realidade da vida imortal. Sois a imaculada irradiação do altíssimo, vosso nome é maravilhoso e compassivo, me guie com ternura e esperança para Aruanda, cidade da Luz. Eu venho a Vós, preso na mais grosseira materialidade e afogado em sentimentos inferiores, arrependido rogo-te pela salvação de minha consciência. Junto a Vós, trilho por caminhos iluminados, porque sois a divina pureza acolhedora e misericordiosa. Santo nome envolva-me em sentimentos fraternos de real amor, afim de que chegue até Vós. Oşalá, meu pai, tende pena e compaixão de mim. Epá, Babá! Salve Oşalá! ”

 Falar de Oşalá é falar de algo que é para ser sentido, não tocado, pois Ele é a luz que equilibra tudo e todos. É o maior dos Orixás da Umbanda, e o único a manifestar-se fisicamente aos homens, na conformação de Jesus Cristo, com a missão de esclarecer as Leis do Criador e reequilibrar a humanidade através das Leis do Amor e da Caridade. A Ele só importa o que fazemos e o que pensamos, pois é a Ele a quem devemos prestar contas de nossos atos, porque Ele é a própria lei de Deus em execução. Por ser o maior dos orixás, não tem um ponto de força específico, seu poder se manifesta em todos os lugares, mas muitos o associam a energia solar e a dos demais astros. É representado pela estrela de seis pontas, sua cor é a branca e seu dia da semana é a sexta-feira e sua saudação é "Epá, Babá!".
É sempre invocado nos Rituais da Umbanda para reequilibrar as manifestações ou para devolver o equilíbrio tanto do espírito quanto do corpo físico. Por isso é que quanto mais puros são os nossos ideais e procurarmos cada vez mais nos elevarmos moralmente, mais próximos dele estaremos.
Na Umbanda os trabalhos que são realizados sob a regência de Oşalá são sempre doutrinadores, e as entidades que são regidas por Ele, trabalham na linha da Fé, mas para que possam chegar a esse nível de elevação, é necessário que tenham passado por todas as linhas de força dentro dos rituais da Umbanda, e que também conheçam todos os pontos de força da natureza e seus campos de atuação no mundo material e espiritual. Essas entidades são de um equilíbrio maravilhoso, suas palavras transmitem toda a sabedoria que foi sedimentada com o tempo e a experiência nos trabalhos.
Poderíamos falar muito a respeito das linhas de trabalho que atuam sob a regência de Oşalá, mas muito ainda nos é oculto, seus mistérios não são totalmente revelados. Podemos apenas dizer que Oşalá é luz, é vida e que seu poder só se revela quando somos guiados pela fé, esta que é o atributo mais apreciado por Ele, a humildade é o que mais exige de nós, a bondade é a melhor forma de nos apresentarmos a Ele.
Pureza, humildade e bondade são a sua essência. Oşalá é a fé que nos ampara nas horas difíceis, nos devolvendo o equilíbrio tanto físico quanto psicológico, é também a fé que nos faz acreditar que existe algo maior, um Deus maravilhoso que sempre está disposto a nos ouvir e que sempre se faz presente em nossa vida, através de pequenos gestos e ações.
As pessoas que buscam pôr em prática os atributos de Oşalá, se tornam predominantemente bondosas, perfeccionistas, cultivam a liberdade e se sobressaem por uma autoridade ponderada. Mas quando se deixam levar pelo o ego, se destacam pela inveja, pela vaidade, pela maledicência se tornando assim, autoritários e temperamentais.

OŞALÁ (Oşa: Òrìşà - Alá: Tecido que cobre)
Sincretismo
Jesus Cristo
Reino na Natureza
Ar/Luz, a Criação.
Linha de Vibração
Pureza/ Paz/ Fé / Religiosidade
Símbolo
Òpá sòrò (cajado de metal), Ẹyẹlé (pombo branco)
Saudação
Epá Bàbá! (Salve pai!)
Cor
Branco
Dia Comemorativo
25 de dezembro
Dia da Semana
Sexta-feira
Ervas para Banho
Saião, Poejo, Camomila, Chapéu de Couro, Erva de Bicho, Cravo, Coentro, Gerânio Branco, Arruda, Erva Cidreira, Erva de São João, Alecrim do Mato, Hortelã, Elevante, Erva de Oşalá (Boldo), Folhas de Girassol, Folhas de Bambu e Rosa Branca
Para que possamos descobrir mais sobre os mistérios de Oşalá, que comecemos adquirindo os seus quatro atributos essenciais: a pureza, a bondade, a humildade e a simplicidade, seguindo seus exemplos e praticando a caridade sempre baseados em sua Lei Maior: "Amar ao próximo como a si mesmo", fazendo aos outros somente o que queiramos que nos façam, buscando sempre termos fé e confiança, para com isso alcançarmos os objetivos que nos são propostos pelo Criador e para que no decorrer desta caminhada possamos ser sempre amparados por Ele.



Ogum - O Equilíbrio

"Ogum meu pai, que minhas palavras e pensamentos cheguem a Vós em forma de prece. Que essa prece corra o mundo e chegue aos necessitados em forma de conforto a suas dores. Que corra os quatro cantos da terra e chegue aos meus inimigos em forma de brado de advertência, pois sei que sendo seu filho e nada tenho a temer. Ogum, Padroeiro dos Agricultores, fazei com que minhas ações sejam sempre férteis, como o trigo que cresce e alimenta a humanidade. Ogum, Senhor das Estradas, fazei de mim um verdadeiro andarilho, que eu seja sempre um fiel caminheiro seguidor de seu exército e que em minhas caminhadas só haja vitórias. Que, mesmo quando aparentemente derrotado, eu seja vitorioso, sendo vosso filho conheço as batalhas, e sei que ao Seu lado a minha vitória será certa. Ogum, meu grande pai e protetor, fazei que meu dia de amanhã seja tão bom quanto o de ontem e hoje; que minhas estradas sejam sempre abertas; que eu trabalhe para que em meu jardim só hajam flores; que meus pensamentos sejam sempre bons e aquele que me procurar consiga sempre o remédio para seus males. Senhor dê luz aos meus inimigos, pois me perseguem porque vivem nas trevas. Pai livre-me das pragas, das doenças, da inveja, da mentira e da vaidade, que só me levam a destruição. Ogum Iê! Sarava Ogum!"

Ogum é o Orixá guardião do ponto de força que mantêm o equilíbrio entre a Luz e as Trevas, entre o Positivo e o Negativo, a Paz e as Discórdias, por isso é chamado “O Senhor das Demandas” e é conhecido como Orixá da guerra. Sabemos que tudo no mundo gira em torno do equilíbrio entre o Bem e o Mal, e como não é possível termos uma posição passiva no desenrolar da vida, temos sempre que ter Ogum como guia nesta viagem, pois Ele sempre nos avisa quando saímos dessa linha de equilíbrio.
Sabemos também que tudo é regido pela Lei imutável do Criador, quando não nos mantemos equilibrados e ultrapassamos os limites dessa Lei encontramos Ogum, pois Ele é o Orixá que vigia a execução dos Kármas e que tem sob a sua regência e controle tanto as forças da Luz quanto as Trevas. É também o Orixá que vigia os caminhos que nos levam tanto para o bem quanto para o mal, por isso sem Ogum a Justiça de Şàngó não seria executada e o equilíbrio não seria restabelecido.
O campo de ação de Ogum é composto pelo impulso que nos move para alguma direção, impulso este que nos faz lutar por alguém ou alguma coisa, e quando lutamos em auxílio de alguém O temos como guardião, porém quando odiamos ou atrapalhamos alguém, O temos a nossa frente para nos bloquear.
Ogum é o Orixá mais cultuado e de maior devoção dentro dos Rituais da Umbanda, Ele atua no equilíbrio entre os sete elementos fundamentais do nosso planeta: a Água, o Fogo, a Terra, o Ar, o Cristal, o Mineral e o Vegetal, fazendo assim cumprir as Leis do Criador levando o equilíbrio e a ordem entre as energias geradas por estes elementos. Sua cor é a vermelha e o branco, seu dia da semana é Terça-feira e sua saudação é "Ogum yè". Seu campo de ação se estende também aos sentidos e sentimentos humanos, Ele é o equilibrador destes sentimentos e sentidos.
Por isso é que quando alimentamos nossos sentimentos negativos, deixando assim que os mesmos se sobressaem, é aí que entra Ogum, anotando todas as nossas ações para
uma posterior cobrança e reequilibro. Ele também é o Orixá que controla o impulso que nos move para alguma direção, impulso este que nos dá a garra e a força necessárias para lutarmos pelos nossos objetivos e ideais, e quando utilizamos esta força para o Bem ou lutamos em auxílio de alguém, O temos como guardião, nos amparando e nos defendendo, porém quando usamos essas forças para o mal, O temos a nossa frente nos bloqueando e nos fazendo voltar ao caminho certo.
As pessoas que são regidas por Ogum são leais, persistentes e sinceras, se sobressaem pela coragem, são destemidas, não se deixam intimidar pelos obstáculos, e sempre guiados por uma emoção forte e verdadeira, não medem esforços para alcançarem seus ideais, impondo assim a Lei e a Ordem. Mas quando se deixam levar pelo ego se tornam indisciplinados, arrogantes, ciumentos, covardes e egocêntricos, são também muito teimosas e quando magoadas não perdoam facilmente. Isso tudo é Ogum, o Orixá que nos dá a força necessária para não recuarmos diante dos obstáculos que temos que superar em nossas vidas, nos equilibrando e vigiando sempre nossos atos. E quando somos guiados pela Verdade e pelo Bem,
Ele é o guerreiro que abre nossos caminhos e que nunca nos abandona. Assim sendo, que possamos estar sempre vigilantes de nossos atos, conscientes de que Ogum estará sempre ao nosso lado, com sua força carmica, colocando em prática as Leis do Criador, mantendo assim o equilíbrio e a ordem sobre todas as coisas.

OGUM - Olo (Grande Senhor) (Ogun: guerra)
Sincretismo
São Jorge
Reino na Natureza
Caminhos abertos, estrada de ferro, estradas
Linha de Vibração
Ordem / Equilíbrio / Demandas
Símbolo
Àdá (Espada), Corrente de Ferro, utensílios agrícolas
Saudação
Ogum yè! (Olá, Ogum!)
Cor
Vermelho/ Branco (Umbanda) / Azul Marinho/Verde (Candomblé)
Dia Comemorativo
23 de abril
Dia da Semana
Terça-feira
Ervas
Aroeira, Pata de Vaca, Carqueja, Losna, Comigo Ninguém Pode, Folhas de Romã, Espada de S. Jorge, Flecha de Ogum, Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba.
Yemọjá - A Vida

"Yemọjá, grandiosa mãe, que os movimentos das ondas transmitam sua paz e seu amor. Derramai seus fluidos vitais sobre mim purificando meu espírito e meu corpo, para que quando estiver fraco, me sinta protegido no aconchego de vossos braços. Quando estiver afogado em meu orgulho e arrogância, me torne humilde e benevolente perante sua bondade e grandeza. Que os doentes recebam de vós, minha Santa Rainha, a cura através das emanações de vossas vibrações vitais. Que a força de vosso reino seja para mim, um escudo contra as más influências. Que o vosso sagrado manto agasalhe e traga calor a todos os necessitados. Senhora tende piedade de tantos, que como eu, vos invocamos nesse momento, que vossa misericórdia se estenda a todos os reinos de Zambi. Odo Ìyá! Mãe do rio!"

 Yemọjá é o Orixá doador da vida, é a guardiã do Ponto de força da natureza, o Mar, para onde tudo é levado para ser purificado, por isso Ela é por excelência um princípio do Criador, o grande doador da vida. A gênese bíblica nos revela que Deus modelou o homem com a terra, mas para fazê-lo certamente usou a água, e Yemọjá é isso, a água que nos dá a vida. Podemos observar que o próprio planeta Terra e todos os seres que nele habitam, são constituídos por uma porção muito maior de água, por isso é que somos regidos e sofremos uma maior influência das energias geradas pela água, pois quando não há água não há vida, e sem vida nada existe.
Yemọjá é um princípio da vida, é dos Orixás a que tem o maior ponto de força da natureza, ela é um princípio do Criador por excelência, pois é do mar que saem as irradiações energéticas que purificam e regeneram tudo em nosso planeta. E como já vimos tudo em nosso planeta gira em torno das energias geradas pelos elementos fundamentais da natureza e como somos seus dependentes direto, manifestamos suas influências em nossa própria maneira de ser, sendo assim podemos observar que as pessoas que habitam as regiões onde há muita água são mais emotivas e criativas do que as que habitam as regiões mais desérticas.
Yemọjá na Umbanda tem sob sua regência milhares de falanges de espíritos que desenvolvem seus trabalhos sob os domínios de sua energia. As pessoas que são regidas por Yemọjá se destacam por sua magnitude, são serenas, extremamente destemidas e criativas, mas quando se deixam levar pelo ego, se tornam rudez, cruéis, insensíveis, orgulhosas e com uma fobia, um medo excessivo das coisas. Yemọjá tem como elemento fundamental a água, e por isso é regente de toda a fonte do elemento líquido do nosso planeta, onde podemos citar os mares e oceanos, os rios, lagos, córregos e cachoeiras.
É representada pela figura da Lua, sua cor é o Azul-claro, o cristal, o verde água entre outras, seu dia da semana é Sábado e sua saudação é "Odò Ìyá!". Yemọjá é a mais respeitada dos Orixás, dificilmente encontramos entidades utilizando o lado negativo de sua energia, pois como sabem que ela é uma mãe protetora e ciumenta, também sabem que ela não perdoa, sendo rígida com aqueles que vão a seu ponto de força para fazerem o mal.
Sendo assim, desejamos que todos que se interessam pelo mar e os outros mananciais aquáticos de nosso planeta, comecem a olhá-lo com mais respeito, para que possam ser merecedores de seus fluidos revitalizadores, fluidos estes que nos transmitem as energias regeneradoras necessárias para melhor seguirmos nessa grande viagem, que é a vida. E que possamos também buscar conhecer melhor Yemọjá, que é uma grande mãe amorosa, pois assim estaremos conhecendo um dos próprios princípios do Criador, pois Yemọjá é a manifestação física do princípio da vida, que é derramado sobre nós. Isso tudo é Yemọjá, a Rainha do mar, o princípio gerador da vida, a guardiã do ponto de força da natureza, o mar.

YEMỌJÁ (Iya: mãe; Ọmọ: filho; Ejá: Peixe) A mãe cujo filhos são peixes.
Sincretismo
N. S. da Glória (Rio de Janeiro); N. S. dos Navegantes (Sul e Bahia)
Reino na Natureza
Mar
Linha de Vibração
Geração / Maternidade / Família
Símbolo
Abèbe (espelho), Peixe e Lua
Saudação
Odò Ìyá! (Odo: rio - Ìyá mãe)
Cor
Cristal, Azul Claro, Verde Água
Dia Comemorativo
15 de agosto (RJ); 02 de Fevereiro (Sul e Bahia)
Dia da Semana
Sábado
Ervas
Folhas de Lágrima de Nossa Senhora, Erva Quaresma, Trevo e chapéu de couro, Alfazema, colônia.


Ọșóòsì - O Conhecimento

"Meu Pai Ọșóòsì, vós que recebestes de Oşalá o domínio das Matas, de onde tiramos o oxigênio necessário à manutenção de nossas vidas. Inundai meu corpo com vossa energia curando meus males. Vós, que sois protetor dos Caboclos, dai-lhes a vossa força, para que possam me transmitir toda pujança e a coragem necessária para suportar as dificuldades a serem superadas. Dai-me paciência, paz de espírito e tranquilidade para superar todas as ingratidões e calúnias. Dai-me a sabedoria necessária para transmitir uma palavra de alento e conforto a todos aqueles que estejam sofrendo as enfermidades e aflições deste mundo. Dai-me vossa proteção através de seus Caboclos, que num gesto de humildade, baixam até nós, trazendo toda vossa vibração. Òkè Aro! Sarava Ọșóòsì! ”

 Quando falamos em natureza, logo nos vem em mente, as matas e as florestas, ou seja, tudo o que é puro e ainda não foi destruído pelas ações do homem, que é um ser racional, mas um predador por excelência. Ọșóòsì é isso, uma essência pura do criador, que atua através do ponto de força da natureza, as matas.
A ciência nos revela que as árvores são purificadoras do ar, mas elas também são grandes emissoras de fluidos etéreos vivificantes, que são absorvidos pelos seres vivos através do oxigênio, pela respiração, e isso é Ọșóòsì, a irradiação das energias benéficas das matas que regeneram e purificam toda a vida na crosta Terrestre. Ọșóòsì também é considerado o Orixá da caça e da fartura, protetor dos caçadores, pois através deste processo de purificação e regeneração do planeta tem como missão garantir a vida dos animais e plantas, para que estes sirvam de alimento aos homens e aos demais animais na cadeia alimentar.
Ọșóòsì é o responsável pelo campo de força da natureza, as Matas, seu elemento fundamental é o ar e todos os gases existentes no universo, representado por um aço e uma flecha, sua cor é a verde, seu dia da semana é quinta-feira e sua saudação é "Òkè Aro". Os homens que tem como orixá regente Ọșóòsì se destacam pelo companheirismo e por sua sensibilidade, cultuam a liberdade e são aventureiros, doam o máximo de si em favor do próximo, mas quando se deixam levar pelo ego, se tornam irresponsáveis, vingativos, mesquinhos e miseráveis.
Nos rituais da Umbanda existem milhares de falanges que trabalham sob a regência de Ọșóòsì, são nelas que trabalham os Caboclos, entidades que têm a missão de transmitir suas lições e também serem o elo entre o médium e seu Orixá regente. Os trabalhos que são desenvolvidos sob a regência de Ọșóòsì, são todos doutrinadores, estes espíritos também têm a missão de resgatarem seus irmãos sofredores e ignorantes, e com os ensinamentos e as energias regeneradoras de Ọșóòsì, reequilibram suas energias, curando-os e doutrinando-os, para que depois possam ser encaminhados às linhas de força, para aí cumprirem as missões as quais foram destinados pelo grande Pai e Criador.
Assim podemos observar quão importante é a sua missão, pois quantas entidades se manifestam nos Terreiros como Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e Exus que foram doutrinados pelos Caboclos, que são espíritos de alta hierarquia, humildes, simples e nobres. Muitos pensam que os Caboclos são só espíritos de índios, mas eles são na realidade oriundos de vários povos e regiões, e plasmam essa conformação perispiritual para apresentar a simplicidade desses povos, e pela afinidade com a natureza dos trabalhos que são realizados.
Se as outras religiões o quisessem poderiam aprender muito com os Rituais Sagrados da Umbanda, que pelos ensinamentos de Ọșóòsì nos ensinam a reverenciar toda a criação Divina e que através da Caridade podemos auxiliar e reequilibrar as pessoas. Caridade esta que não tem preço e nem recompensas materiais, e não se implica na conversão religiosa das pessoas, pois pouco importa para nós Umbandistas sua Raça, seu Credo, ou sua Origem, o que realmente importa é o motivo que as trazem aqui, a sua Fé e a vontade de querer melhorar-se, isto sim é algo que todos deveríamos saber, para assim podermos respeitar a Umbanda e seus Rituais Sagrados.
Com isso desejamos sempre que Ọșóòsì através de seus caboclos, que atuam espalhados pelas sete linhas de força da Umbanda com humildade e harmonia com os reinos elementares da natureza, possam estar sempre nos orientando e absorvendo as cargas negativas de nosso corpo carnal e espiritual, para que com isso possamos melhor caminhar rumo aos objetivos que o grande Doador e Criador, Zambi, nos propõe.
Ọșóòsì (Oşò: herbalista, Osi: magia) Mago das folhas
Sincretismo
São Sebastião
Reino na Natureza
Matas e caça
Linha de Vibração
Conhecimento / Fartura / Trabalho
Símbolo
Òfá (Arco e Flecha), Irukere (Símbolo de realeza)
Saudação
Oké aro! (Chamado a confraternização)
Cor
Verde
Dia Comemorativo
20 de janeiro
Dia da Semana
Quinta-feira
Ervas
Malva Rosa, Mil Folhas, Sete Sangrias, Folhas de Aroeira, Folhas de fava de Quebrante, Folhas de Samambaia, Folhas de Palmeira, Folhas de Laranjeira, Erva Cidreira, Folhas de Jurema, Folhas de Maracujá, Folhas de Palmito, Folhas de Abacateiro, Capim Limão, Guiné.


Şàngó - A Justiça

"Meu Pai Şàngó, o Senhor que é Rei da Justiça, faça valer sempre a vontade Divina, purifique minha alma nas águas de sua cachoeira. Se errei, conceda-me a luz do perdão. Faça de seu peito largo e forte meu escudo para que os olhos de meus inimigos não me encontrem. Empresta-me sua força de guerreiro para combater a injustiça e a cobiça. Que seja feita a justiça para todo o sempre. Conceda-me a graça de receber sua luz e sua proteção. Minha devoção te ofereço.
Ká’wó Kábiyèsíle! Seja bem-vindo Majestade! ”

Şàngó é o Orixá guardião do ponto de força da justiça, é o senhor do fogo e como tal age quando decide punir os que afrontam a Lei do Criador, lei essa que é como a rocha que esmaga e aniquila a todos que carregam seu peso sobre os ombros. Mas Şàngó está sempre disposto a nos ouvir, se nossa demanda for justiça, nos acompanhará, e se for injustiça, nos esclarecerá e se mesmo assim não o ouvirmos, seremos então submetidos aos rigores da Lei, que são o seu reverso. Sua Luz é o amparo, seu fogo é a purificação, pois somente pelo fogo o minério bruto e imperfeito é fundido e temperado, assim eliminando toda sua impureza se tornando perfeito.
Como já vimos tudo na vida tem seu dois lados: o positivo e o negativo, a Luz e a Escuridão, o Bem e o Mal. Sendo assim todos os homens também tem estes dois lados e a facilidade de ir de um para o outro, de acordo com a situação que vivencie, temos então que buscar o equilíbrio entre eles, não sendo omissos em respeito aos nossos atos, sabendo admitir nossos erros, procurando corrigi-los e sendo humildes em recuar a uma situação onde o mal esteja prevalecendo, buscando o conhecimento e as forças necessárias para melhor combatê-lo, pois assim permaneceremos sempre em uma escala ascendente de evolução e não afundados em nossa própria arrogância.
Quem compreende o verdadeiro sentido das leis do equilíbrio e a ela se submete, estará sempre por ela amparado. Mas quem ousar a desafiá-la e tentar fugir dela, por ela será castigado e abandonado. Por outro lado, quem se redimir e reconhecer seus erros e se curvar a ela, a terá de volta ao seu lado.
Que ninguém use os mistérios Divinos para prejudicar ninguém, senão irá passar pela balança de Şàngó, e o peso da lei o atirará nas trevas. De todos os orixás da Umbanda, Şàngó apesar de rígido, sério e calado, é o que mais gosta de falar da lei, e se todos que o procurarem tiverem a paciência e a humildade necessária para entendê-lo, serão lentamente envolvidos por seus fluidos energéticos equilibradores, se restabelecendo. Podemos observar que as pessoas que são regidas por Şàngó se destacam pela obstinação, pela inteligência, por serem ponderadas, e por honrarem sua dignidade e seu brio, mas quando se deixam levar pelo ego se tornam mesquinhos, extremamente vaidosos, conservadores, intolerantes e orgulhosos.
Şàngó é o Orixá da Justiça, o Senhor dos Raios e Trovões, é aquele que coordena todas as leis cósmicas do Criador, seu elemento fundamental é o Fogo e a Terra, sua cor é o marrom, seu dia da semana é quarta-feira, seu ponto de força e vibração são os raios e trovões, são as pedreiras nas montanhas, rios cachoeiras e mares e sua saudação é:
Ká’wó Kábiyèsíle!
Alguns descrevem sua força de atuação dizendo que o Şàngó da Pedra Branca ampara, enquanto o Şàngó da Pedra Negra executa. O das cachoeiras e mares purificam, assim também como o do fogo que queima tudo o que há de ruim em nós.
O Şàngó da Terra ampara os que caíram e aguarda que despertem de sua ignorância, o dos raios é o que traz as Leis Divinas do Alto para a Terra, e o do tempo é o que julga a duração das penas da Lei. Se todos pudessem buscar conhecer os mistérios de Şàngó, agiriam com mais equilíbrio, se policiando para que não sejam submetidos aos rigores da lei. Que ninguém desafie as Leis Divinas, se não, encontraram muitas pedras em seu caminho, todas colocadas por Şàngó, o Orixá da Justiça e do Fogo purificador.
ŞÀNGÓ (aquele que se destaca pela força e revela seus segredos)
Sincretismo
S. Jerônimo, S. João Batista e São Pedro e S. Judas Tadeu
Reino na Natureza
Pedreiras / Fogo
Linha de Vibração
Justiça / Razão
Símbolo
Osè (Machado de lâmina dupla), Sèére (Chocalho)
Saudação
Ká’wó Kábiyèsíle! (Seja bem-vinda majestade
Cor
Marrom
Dia Comemorativo
30 de setembro, 24 de junho, 29 de junho
Dia da Semana
Quarta-feira
Ervas
Folhas de Limoeiro, Erva Moura, Erva Lírio, Folhas de Mangueira, Erva de Şàngó, Elevante, Quebra-Pedra, Alfavaca Roxa, Musgo de Pedra


Ìyánsan - a lei em ação
"Ìyánsan, grande guerreira, Orixá dos raios e dos ventos, ajude-me com sua energia a vencer as lutas e as dificuldades. Oyá, senhora dos ventos e das tempestades, coloco em tuas mãos minhas ações, meus desejos e preocupações. Em tua Luz, consagro todos os minutos e horas do meu dia, para que eu compreenda todo bem que precise fazer, e tenha força para não ceder ao mal que venha bater em minha porta. Que eu seja mais fraterno, compreensivo e capaz de perdoar. Guie meus passos no caminho do bem e do amor; e que hoje, mais que ontem, possa contar com suas orientações e bênçãos. Com sua espada haverei de cortar a inveja e a falsidade de meus inimigos. Retirai as vendas que me impedem de enxergar a verdade. Com a força de seus raios, peço que acenda a chama da vida aos desenganados e dê a força necessária para que continuem lutando na busca da cura de seus males. Epá, Hey! Eu te saúdo Ìyánsan! ”

 Ìyánsan é a rainha das tempestades e ventos, Senhora da Justiça, a Orixá do tempo, responsável juntamente com Ogum na execução dos carmas na Linha da lei onde Şàngó é o Juiz. É representada na Umbanda pelo símbolo de um raio, seu dia da semana é quarta-feira, sua cor é o Coral e sua saudação é "Epá Hey". Seu campo de atuação é o tempo, este que é a execução da Lei para aqueles que subverteram seus princípios básicos, ele age de forma imperceptível sobre as almas daqueles que deixaram o corpo e vagam a procura de seu plano vibratório, conduzindo-as conforme os desígnios dos executores do carma, pois o tempo é a própria sentença da Lei em execução, tanto na forma de castigo como na de recompensa.
Quando temos pesados débitos para saldar e aceitamos passivos e humildes a execução da lei, o tempo é generoso, mas quando nos revoltamos contra a lei o tempo se torna eterno, nos fazendo perder o contato com a própria realidade. Ìyánsan como Orixá do tempo é implacável, mas justa em sua execução. O tempo é o meio entre o Alto e o Baixo, seu reino não pertence nem a Luz nem as Trevas e como age tanto na Luz quanto nas trevas não temos como escaparmos de suas malhas, pois ele não tem limites. Ìyánsan também é um Orixá da lei, que tem junto com Ogum a função de levar a todos os planos as mensagens de Şàngó, que é o guardião das Leis.
A ela compete agir com o rigor exigido para o reequilíbrio astral dos espíritos. Ela distribui aos Egún, espíritos desencarnados, o fluido que sacia sua sede de clemência diante da lei, purificando-os antes de encaminhá-los a seus planos para lá cumprirem seus carmas. Ela também é encarregada de executar a justiça dentro do campo Santo, ou cemitério, onde ela é a própria espada da Justiça, agindo de forma rigorosa sobre aqueles que lá ficaram presos pelos débitos adquiridos em sua passagem na carne e para isso tem como colaboradores os Exus de Lei e Egún redimidos, que ao servirem-na procuram apagar as marcas da lei. Ìyánsan também atua através do Ar, e por isso não tem um ponto de força específico, pois o ar se encontra em qualquer lugar. Sua força é a própria força do ar em movimento e seu poder é imenso, sua manifestação é gélida, causando tremores a quem dela se aproxima.
Quando alguém vai a busca de seu auxílio e está com a justiça ao seu lado, tem a mais poderosa força à sua disposição, pois quando Ìyánsan volta a sua face luminosa para alguém justo, este é amparado por onde passar. As pessoas que são regidas por Ìyánsan são leais, determinadas, distintas, resistentes, dominadoras, corajosas e extremamente sedutoras, mas quando se deixam levar pelo ego se sobressaem pela falsidade, pela luxúria, pelo ciúme exagerado, se tornando violentos e fúteis e cultivando hábitos viciosos. Isto é Ìyánsan, a Orixá dos ventos e das tempestades, aquela que executa as sentenças kármicas. Se todos a conhecessem realmente, não a invocariam por motivos fúteis, pois como a Lei, ela é rigorosa em sua cobrança e imparcial em sua execução. Infeliz daqueles que caírem sob seu poder na execução da justiça.
Conscientes disto possamos sempre estar atentos aos nossos atos para que possamos sempre contar com Ìyánsan ao nosso lado, com seu imenso poder de atuação e com sua espada que é o símbolo da justiça e da execução do carma.
ÌYÁNSAN – Ìyá mẹsàn Ợrùn – A mãe dos nove espaços do Céu
Sincretismo
Santa Bárbara
Reino na Natureza
Ar / Vento
Linha de Vibração
Justiça / Execução Kármica / Maturidade
Símbolo
Àdá (Espada), Erusin (Enxota Moscas) e Borboleta
Saudação
Epá Hey! (Eu te saúdo)
Cor
Amarela
Dia Comemorativo
04 de dezembro
Dia da Semana
Quarta-feira
Ervas
Catinga de mulata, Cordão de frade, Gerânio cor-de-rosa ou vermelho, Açucena, Folhas de Rosa Branca, Erva de Santa Bárbara, Cravo da Índia, Louro, Espada de Ìyánsan.


Òşún - O Amor Divino
"Salve Òşún, dourada senhora da pele de ouro, bendita são tuas águas que lavam meu ser e me livram do mal. Òşún, divina rainha, belo Orixá, venha a mim, caminhando na Lua cheia, trazendo em suas mãos os lírios do amor de paz.
Torna-me doce, suave e sedutor como tua és. Oh! Mãe Òşún, proteja-me, faça que o amor seja constante em minha vida, e que eu possa amar toda a criação de Zambi.
Proteja-me de todas as mandingas e feitiçarias. Dai-me o néctar de sua doçura e que eu consiga tudo o que desejo: a serenidade para agir de forma consciente e equilibrada. Que eu seja como suas águas doces que seguem desbravadoras no curso dos rios, entrecortando pedras e se precipitando nas cachoeiras, sem parar nem ter como voltar a traz, apenas seguindo meu caminho. Purifique minha alma e meu corpo com suas lágrimas de alento. Inunda-me com sua beleza, sua bondade e seu amor, enchendo minha vida de prosperidade. Ore yèyé ô! A mãe que cuida! ”

 Quando falamos de Òşún, falamos em Amor, pois Òşún é o próprio Amor de Deus em ação, e logo nos vem em mente uma mãe amorosa, porém ciumenta e geniosa. Òşún atua no ser humano através do amor, representados pelas águas que caem e seguem seu curso, é a lágrima incontida nos momentos de provação, pois através das lágrimas liberamos nossa emoção negativa que nos magoa, angustia e nos sufoca e assim podemos continuar nossa caminhada.
São dela os fluidos curadores do astral que agem sobre os espíritos arrependidos dos erros do passado. Òşún é dona do Campo de Força da Natureza os Rios e Cachoeiras, é fonte de energias purificadoras. É cultuada como uma mãe afetuosa que ampara seus filhos com seus fluidos regeneradores, através das quedas d’água ela libera esses fluidos regenerando e equilibrando seus filhos.
Òşún quando ampara seus filhos é uma fonte de energia purificadora, mas quando contrariada, é uma fonte desestabilizadora. Na queda das águas há uma liberação de energia e na queda de uma alma também há uma liberação de energia através dos sentimentos e ações que a fizeram cair. Quando percebemos essa queda nos desesperamos e muitas das vezes choramos. Eis aí a força cômica de Òşún agindo sobre os sentimentos humanos sob forma de lágrimas purificadoras.

Quem conhece Òşún não se torna árido porque sabe que as lágrimas são o remédio mais eficaz na purificação dos fluidos negativos, por isso alguns dizem que as cachoeiras são as lágrimas de Zambi para nos purificar. Toda vez que uma cachoeira é devastada o planeta adoece, pois, uma fonte natural de purificação e energização é destruída. Mas Òşún também é a força que quando atua no negativo dos seres pode desestabilizar emocionalmente quem for seu alvo de ação.
Geralmente o uso dessa energia é mais para desfazer trabalhos que para fazê-los, pois quem vai atrás de sua força para fazer o mal sabem que um dia irão chorar para lavar com suas lágrimas todo mal que fizer. Mas aí já será Şàngó julgando aqueles devem ao Criador pelo mau uso das Forças da Natureza.
Òşún não executa, ela apenas nega a quem erra o fluido vital emanado de seu campo de força. As pessoas que são regidas por Òşún são sensíveis, dóceis, muito amigos e extremamente sedutores, mas quando se deixam levar pelo ego se sobressaem pela falsidade, pela luxúria, pelo sentimento de posse, são volúveis e inconstantes.
Na Umbanda seu dia da semana é no Sábado, sua cor é o azul claro e sua saudação é:
Ore yèyé ô!
 Tudo isso é Òşún, é a Orixá do amor, da prosperidade e da beleza, é a padroeira da gestação e da fecundidade, é responsável pelas uniões amorosas e financeiras e pela purificação e fortalecimento do nosso espírito e energização de nosso corpo.
ÒŞÚN
Sincretismo
Nossa Senhora da Conceição/ N. S. Aparecida
Reino na Natureza
Rios e Cachoeiras
Linha de Vibração
Purificação / Amor / União
Símbolo
Abèbe (Espelho), Coração, Peixe
Saudação
Ore yèyé o! (A mãe que cuida)
Cor
Azul claro
Dia Comemorativo
08 de dezembro
Dia da Semana
Sábado
Ervas
Erva Cidreira, Gengibre, Camomila, Camará, Arnica, Trevo Azedo ou Grande,Chuva de Ouro, Manjericão, Erva Sta. Maria, Gengibre, Calêndula, Alfazema.


Ọbàlúwayè - O Princípio Curador

“Oh, Ọbàlúwayè, Mestre da Vida! Proteja seus filhos para que suas vidas sejam marcadas pela saúde. Eu te suplico, mestre! Me ajoelho diante de teu poder imenso, pois meu corpo está enfermo, minha alma está imersa na amargura de um sofrimento que me destrói lentamente. Tome meu corpo e minha alma em teus braços, vós que és o limitador das enfermidades, que és médico dos corpos terrenos e das almas eternas. Suplico sua misericórdia aos males que me afetam. Que suas chagas abriguem minhas dores e sofrimentos. Se achares, porém, que ainda não terminou minha missão nesta encarnação, encoraja-me com o exemplo da tua humildade e da tua resignação. Revigora meu espírito para que possa enfrentar e me curar de todos os males e infortúnios da matéria. Alivia meus sofrimentos, para que levante deste leito e volte a caminhar. Atoto meu Pai! Salve Ọbàlúwayè. ”

Ọbàlúwayè é o orixá que rege a morte e as doenças / pestes, ou no instante da passagem do plano material para o plano espiritual, o desencarne. È dono do Campo de Força da Natureza a Terra e os Campos Santos, os Cemitérios. É com tristeza que temos visto o temor dos irmãos umbandistas quando é mencionado o nome do nosso amado Pai Ọbàlúwayè. E, no entanto, descobrimos que este medo é um dos frutos amargos que nos foram legados pelos ancestrais semeadores dos orixás em solo brasileiro, pois difundiram só os dois extremos do mais caridoso dos orixás, já que Ọbàlúwayè é o guardião divino dos espíritos caídos.
O orixá Ọbàlúwayè guarda para Zambi todos os espíritos que fraquejaram durante sua jornada carnal e entregaram-se a vivencia de seus vícios emocionais. Mas ele não pune ou castiga ninguém, pois estas ações são atributos da Lei Divina, que também não pune ou castiga, ela apenas conduz cada um ao seu devido lugar após o desencarne. E se alguém semeou ventos, que colha sua tempestade pessoal, mas amparado pela própria Lei, que o recolhe a um dos de seus domínios.
Ọbàlúwayè é um desses guardiões divinos que consagrou a si e à sua existência, enquanto divindade, ao amparo dos espíritos caídos perante as leis que dão sustentação a todas as manifestações da vida. Esta qualidade divina de Ọbàlúwayè, interpretada de forma incorreta ou incompleta, foi definido no decorrer dos séculos como um dos orixás mais "perigosos" de se lidar, ou um dos mais intolerantes, sempre implacável nas suas punições. Mas Tatá Ọbàlúwayè você pode descobrir o grande amor de Zambi, pois é por puro amor que uma divindade se consagra por inteiro ao amparo dos espíritos caídos e é por amor a nós que ele assumiu a incumbência de nos paralisar em seus domínios, sempre que começássemos a atentar contra os princípios da vida.
Temos a capacidade de gerar muitas coisas, geramos ideias, projetos, conhecimentos, inventos, doutrinas, anseios, desejos, angústias, depressões, fobias, preceitos e princípios. E se o que gerarmos estiver de acordo com os princípios sustentados pela irradiação divina, que na Umbanda recebe o nome de "linha da Geração" ou "sétima linha de Umbanda", então estamos sob a irradiação da divina mãe Yemọjá, que nos estimula.
Mas, se em nossas "gerações", atentarmos contra os princípios da vida, então já estaremos sob a irradiação do divino pai Ọbàlúwayè, que nos paralisará e começará a atuar em nossas vidas, pois deseja preservar-nos e nos defender de nós mesmos, já que sempre que uma ação nossa for prejudicar alguém, antes ela nos atingirá, nos ferindo, colocando-nos em um de seus sombrios domínios.
Ọbàlúwayè é o princípio curador divino pois acolhe em seus domínios todos os espíritos que se feriram quando, por egoísmo pensaram em atingir seus semelhantes. Ele nos dá seu amparo divino até que, sob sua irradiação, nós mesmos tenhamos nos curados para retomarmos ao caminho reto trilhado por todos os espíritos amantes da vida e multiplicadores de suas benesses.
Também como curador divino ele tanto cura a alma ferida, quanto nosso corpo doente. Se orarmos a ele quando estivermos enfermos ele atuará em nosso corpo carnal e espiritual, e tanto poderá curar-nos quanto nos conduzir a cura. Ọbàlúwayè, enquanto força cósmica, é a energia que se condensa em torno do fio de prata que une o espírito e ao nosso corpo físico, e o dissolve no momento do desencarne ou passagem de um plano para o outro.
Ele atua em todos os seres humanos, independente de qual, seja a sua religião, através de, uma faixa vibratória especifica e exclusiva, pois é através dela que fluem as irradiações divinas de um dos mistérios de Deus, que nominamos de "Mistério da Morte”. É conhecido como "Anjo da Morte" ou "Senhor dos Mortos". O culto a Ọbàlúwayè surgiu entre os negros levados como escravos ao antigo Egito, onde era muito cultuado e difundido, que o identificaram como um orixá e o adaptaram às suas culturas e religião. Com o tempo ele alcançou o grau de divindade ligada à morte, à medicina e às doenças.
As pessoas regidas por Ọbàlúwayè são independentes, sóbrias, muito caridosas e generosas, demonstram um senso de justiça muito pessoal e com uma grande resistência as doenças, mas quando se deixam levar pelo ego são muito geniosas, teimosas, vingativas e extremamente inseguras quanto a sua aparência. Geralmente são reservadas e caseiras, o que é seu é seu não admitem que nada lhe é tomado. Na Umbanda seu dia da semana é na segunda-feira, sua cor é preta e branca e sua saudação é “Atoto Ọbàlúwayè! ”.
Esse é Ọbàlúwayè orixá da transformação intima, responsável pela passagem entre vida e a morte princípio curador que nos ampara e nos acolhe quando nos entregamos as mazelas da vida.

ỌBÀLÚWAYÈ (Rei e Senhor da terra)
Sincretismo
São Lázaro
Reino na Natureza
Cemitério / crosta terrestre
Linha de Vibração
Cura/ Transformação / Evolução
Símbolo
Şàşàrá (Vassoura de palha da costa) ou uma Cruz Grega Negra com pedestal
Saudação
Atoto! (Silêncio)
Cor
Preto e Branco
Dia Comemorativo
27 de março
Dia da Semana
Segunda
Ervas
Alamanda, Barba-de-pau, Cipó cabeludo, Erva-de-bicho, Carqueja, Carquejinha, Quebra-tudo, Folha do Abacateiro, Folha de Café, Gameleira Preta, Funcho, Folha de Bananeira, Hortelã Brava, Jenipapo.


NANÃ

Nanã Buruku é um nome pertinente a um Vodoo e orixá dos mangues, do pântano, da lama (barro molhado), senhora da Morte, e responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne). Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Àyágbà e a mais vaidosa, em nome da qual desprezou seu filho primogênito com Oşalá, Ọbàlúwayè, por ter nascido com várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o numa praia, Yemọjá o achou abandonado, quase morrendo e o curou e o criou como se fosse sua mãe, dando todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez, Oşalá a condenou a ter mais filhos, os quais nasceriam anormais (Òsùmàrè, Iyewà Ọsányìn), e a expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver num pântano escuro e sombrio, lugar onde pensou em abandonar seu pobre filho, mas desistiu, pois na praia seu filho morreria mais rápido.
Nanã é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como uma anciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu emblema é o Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. A existência do culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à descoberta do ferro, por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados objetos cortantes de metal.
No sincretismo afro-católico, Nanã Buruku, como é chamada na Umbanda, é equiparada à Sant'Ana.



NANÃ
Sincretismo
Sant’Ana
Reino na Natureza
Águas paradas, lama e pântanos
Linha de Vibração
Vida e morte, saúde e maternidade e Sabedoria
Símbolo
Ibiri (instrumento de palha)
Saudação
Saluba Nanã! (“Dona do pote da Terra”)
Cor
Lilás
Dia Comemorativo
26 de julho
Dia da Semana
Sábado
Ervas
Colônia, Manjericão Roxo, Taioba (não serve para banho), Ipê Roxo, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Folha da Quaresma, Jarrinha, Parioba, Golfo Redondo, Canela de velho, Salsa da Praia, Manacá. (Em algumas casas: assa peixe, cipreste, erva macaé, dália vermelho escura, folha de berinjela, folha de limoeiro, manacá, rosa vermelho escura, tradescância).